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Herói de dois mundos

John Carter põe na tela o mundo de Burroughs, o precursor de George Lucas e James Cameron

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Taylor Kitsch, que faz Jack Carter, lembra muito o Tarzan desenhado por Burne Hogarth. No livro Uma Princesa de Marte, Edgar Rice Burroughs descreve seu cabelo curto. No filme, é longo como o do homem-macaco criado pelo escritor norte-americano. Alex Raymond, que ilustrou Flash Gordon, também criou Jim das Selvas baseado em Tarzan e o intérprete das aventuras do herói intergaláctico, Buster Crabbe, foi o homem-macaco em vários filmes. Todos esses elementos se misturam e ganham agora a tela no que se propõe a ser uma nova franquia.John Carter - Entre Dois Mundos é uma aposta da Disney, que investiu US$ 250 milhões para que o diretor Andrew Stanton colocasse na tela o soldado confederado que acorda em Barsoom. Para o espectador não familiarizado com o universo de Carter - Uma Princesa de Marte está saindo agora no País -, muita coisa parecerá já vista. Na verdade, é o contrário. George Lucas e James Cameron já disseram que sem Burroughs talvez não houvesse Star Wars nem Avatar. A persona avatariana de Sam Wortinghton, seu duplo, vem de John Carter.Algo de importante se passa no cinema de ação de Hollywood. Um diretor de animação, Brad Bird, de Ratatouille, reinventou a franquia Missão Impossível. Outro egresso da animação, Andrew Stanton, lança as bases do universo de John Carter. Stanton dirigiu Wall-E, cujos temas eram a decadência da civilização e o amor. Ambos se reencontram em Entre Dois Mundos. O filme começa no final do século 19, com o herói perseguido. Logo, ele morre e, por meio de um manuscrito, seu herdeiro, Edgar Burroughs, descobre uma história mirabolante.Soldado na Guerra Civil dos EUA, Carter voltou para uma casa destruída - e uma mulher assassinada. A cena, que atormenta os pesadelos do herói, evoca o clássico Rastros de Ódio, de John Ford, que George Lucas recriou em Star Wars 4. John Carter leva uma vida errante no Velho Oeste. Procura ouro, mas será realmente o metal que procura? O que parece o acaso o projeta no espaço e ele vai para Barsoom, que, na verdade, é Marte.Barsoom vive a guerra dos mundos. Por meio de seus emissários, a Deusa seleciona os planetas que serão sugados. John Carter participa dessa luta. Ganha aliadas. Sola o liga aos tharks, Dejah é a princesa de Helium. A filha rejeitada - mas não é bem assim - e a mulher amada, que oferece respostas, inclusive se o herói voltará à Terra.O público vai fazer valer o investimento? John Carter virará franquia? São perguntas ainda sem respostas. O filme, em 3D, é admirável como espetáculo. Uma bela aventura tradicional feita com tecnologia de ponta. Tem ação, romance, personagens e paisagens exóticos. Como o atormentado Thor, Carter é separado de Dejah, mas acha, e de forma engenhosa, um caminho de volta. Na ficção de Carter, ele outorga ao jovem Burroughs a tarefa de escrever, e de sua lavra surgirá, metalinguisticamente, a saga de Barsoom. Por uma vez, o cinema está fazendo justiça à imaginação delirante de Edgar Rice Burroughs.

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