Herchcovitch lança coleção da Cori

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Nesta quarta-feira, com um grande desfile-arena dirigido por Paulo Borges em um galpão na Barra Funda, o estilista Alexandre Herchcovitch lança sua primeira coleção como diretor artístico da Cori. Vestindo a coleção de inverno 2002 da marca, assinada pelo estilista, estarão tops como Luciana Curtis, Ana Claudia Michels, Mariana Weickert, Isabelli Fontana e Marcelle Bittar, carinhas brasileiras reconhecidas no mundo fashion internacional. É o primeiro desfile que a Cori realiza em 45 anos de mercado. A etiqueta, consolidada no universo da moda, pretende, com a contratação, aliar à qualidade pela qual é conhecida um design contemporâneo, característica que rejuvenesce e agrega valor aos produtos. Em entrevista exclusiva à Agência Estado, o estilista mostra que é um workaholic cada vez mais cheio de idéias. Agência Estado - Como aconteceu o convite para fazer a Cori? Alexandre Herchcovitch - Eles haviam convidado o Reinaldo Lourenço para desenvolver uma coleção e me chamaram para dar continuidade ao projeto que envolvia coleções com estilistas. Depois de algumas conversas, me convidaram para ser diretor artístico por tempo indeterminado. Eu havia acabado de sair da Zoomp, recebi algumas propostas mas a mais interessante foi da Cori. Por que você saiu da Zoomp? Eu tinha dois contratos com a Zoomp, um de licenciamento da linha jeanswear - que acredito não ter dado muito certo porque eles assumiram junto a Zoomp, Zapping e a Zoomp Junior - e a minha marca, Alexandre Herchcovitch, que eles estavam produzindo e licenciando. Mas não aumentaram a equipe de funcionários e não deram conta da distribuição e comercialização, por isso não deu certo. Eu também desenhava para a Zoomp. Saí de lá porque eles queriam reduzir minha carga horária e diminuir meu salário. Como diretor artístico da Cori quais são suas funções? Estou trabalhando para conhecer a cliente Cori e o que a empresa quer. Apesar de ser diretor, sofro direcionamento por parte dos donos, eles sabem o que precisam. Não haverá nenhuma mudança radical, nem rápida. É um trabalho gradativo. A minha função é deixar a Cori mais contemporânea, não esquecendo quem é a cliente, e conquistar um público novo. E como é a mulher Cori? Ela gosta de qualidade e agora também terá design. Você não é moderno demais para essa mulher? Não, principalmente porque estou desenhando para a marca Cori. Não para a Alexandre Herchcovitch. Como diretor de criação sou funcionário da Cori. Tenho de atender às necessidades da cliente Cori. Estou fazendo o que a Cori é, mas sob a minha ótica. E como está a moda brasileira? Está se profissionalizando cada vez mais. Os estilistas estão atrás de uma identidade própria, apesar de muitos ainda estarem ligados às tendências internacionais. Mas estamos tentando. Você não se sente vinculado às tendências internacionais? Nem um pouco. Sei tudo o que está acontecendo, o que todo mundo fez, mas não repito as tendências internacionais. Faço meu lançamento em Paris, junto com eles, tenho de mostrar uma coisa nova. Como foi a receptividade da última coleção de verão que você desfilou em outubro em Paris? Os pedidos foram tirados na mesma semana do desfile, já estamos entregando para as mesmas lojas que já vendíamos e mais algumas outras, como Henri Bendel, em Nova York, e a IT, de Hong Kong. São 16 lojas. E no Brasil? Quais são os estilistas que você respeita e admira? Respeitar, respeito todos. Admirar, admiro o Marcelo Sommer, Renato Loureiro, Reinaldo Lourenço e alguns outros que não lembro no momento. Como suas tendências para o próximo inverno se diferem da coleção que você desenvolveu para a Cori? A mulher Cori é uma, a Alexandre Herchcovitch é outra, só que uma pequena porcentagem de mulheres usa as duas marcas. Na Cori usamos uma cartela clássica e neutra, basicamente o desfile será em preto, vermelho e marinho. Na minha marca as cores são dramáticas, menos básicas. Os volumes das roupas Cori são clássicos. É uma roupa bem-feita, que respeita a consumidora. Na minha também, mas os volumes são ousados. Você fez uma coleção de cuecas com sua marca fabricada pela Zorba. Vai lançar em março a sua segunda coleção de jóias com a C.R. Bruner. Está atuando como diretor artístico da Cori. Dá assessoria para a Vicunha Têxtil. Faz suas coleções masculino e feminino. Vai lançar seu livro durante o São Paulo Fashion Week. Como é que consegue fazer tudo isso? Consigo, sei lá. (risos) São coisas diferentes. Herchcovitch é diferente de Cori. Tecido é diferente de jóia, outra matéria-prima. Como tenho muitas idéias e não posso usar todas na minha coleção, tenho essas outras áreas para desenvolver a criatividade. Além de tudo isso, você pretende mexer com o quê mais? Não estou pensando muito. Perfume? Tive uma experiência ruim, a mulher brasileira não gosta de perfume nacional. Mas pode ser móvel, azulejo, qualquer coisa, cozinha, culinária. Carro, acho ótimo, se me convidarem vou pensar. Madrugador ou acorda um pouquinho mais tarde? Sou madrugador, para fazer tanta coisa o dia tem que ser longo. Acordo entre 6h45 e 7h15. Venho para a minha loja, tem vezes que passo o dia inteiro aqui. Vou para Cori, para a Vicunha. Mas em geral passo na loja no começo e no fim do dia para ver como estão as coisas. Muitas vezes trabalho sábado e domingo. Durmo às 23h30 no máximo, às nove estou com sono. Vida cultural? Teatro, vou pouco. Cinema, quando tenho tempo, normalmente nos fins de semana. Gosto de livros, restaurantes. Ginástica? Não, mas antes andava de bicicleta no parque. Muitos acusam você de esnobe. Esnobe, não. Sou tímido. Algum conselho para quem admira o seu trabalho? A gente admira quem quiser, mas o trabalho tem de ter personalidade própria. É importante estudar muito, trabalhar muito no que se gosta. Fazer uma roupa com personalidade. Sem copiar.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.