Há um século, São Paulo tinha mais de cem salas

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Por Maria Eugenia de Menezes
Atualização:

Rota de orquestras, companhias de dança e teatro internacionais, São Paulo pode vangloriar-se de ser uma das capitais da cultura na América Latina. Suas salas de espetáculo, contudo, ainda parecem acanhadas. Um exame dos teatros disponíveis na cidade na primeira década do século 20 - há exatos cem anos - revela que esses espaços talvez não tenham acompanhado o incremento de sua programação cultural. Nem o crescimento de sua população. Entre os anos 1920 e 1930, São Paulo contava ao menos 100 salas. Além disso, a proporção entre o número de poltronas disponíveis e sua população oferecia um assento para 31 moradores. Hoje, são ao menos 340 pessoas para cada lugar disponível nos teatros da cidade. "Nessas duas primeiras décadas do século 20, o número de casas de espetáculo era muito grande", diz a pesquisadora Virgínia Bessa, que ressalva não poder afirmar se a oferta de espaços, comparativamente, era maior ou menor que a atual. Autora de uma pesquisa sobre o teatro musicado em São Paulo nos anos 1920 e 1930, Virgínia estudou a disposição das salas de espetáculo no espaço urbano e conseguiu traçar um breve panorama sobre o tema. Além de numerosos, os teatros do início do século passado eram de grandes proporções, muitos com capacidade para mais de 1 mil espectadores. Entre eles, estava o Teatro São José, que ocupava o local onde hoje está o prédio do shopping Light, o Teatro Santa Helena e o Municipal - único a sobreviver à destruição dos teatros daquela época. Nos bairros, a situação também não era diferente, com salas como o Brás Politeama, para 3 mil pessoas. "A partir de 1930, porém, com a concorrência do cinema, o teatro sofreu um forte abalo", comenta a pesquisadora. "Muitos teatros se transformaram em cinemas, exibindo exclusivamente filmes."

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