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Guitarra bipolar

Lee Ranaldo, ex-Sonic Youth, fala das canções e conceitos que trará ao Brasil

Por Roberto Nascimento
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No livro Escuta Só, o crítico de música erudita Alex Ross propõe uma linha evolutiva entre Arnold Schoenberg, Olivier Messiaen, Iannis Xenakis e Sonic Youth. O fio condutor da tese é a dissonância, que vazou gradualmente da sala de concerto, no decorrer do século 20, e encontrou fôlego no rock experimental dos anos 1970, até influenciar - entre outros - o visionário grupo nova-iorquino de Thurston Moore e Lee Ranaldo, nos anos 1980. Ao centro dessa mudança, os dois atuaram como exímios escultores de microfonia, ruído e canções populares. Foram interlocutores entre a linhagem punk e a escola conceitual da vanguarda erudita, capinando o terreno para a cena alternativa dos anos 1990 e para os afluentes da noise music contemporânea. Desde 2011, o Sonic Youth não existe mais, por causa da separação de Thurston Moore e Kim Gordon, baixista do grupo. Mas Moore e Ranaldo tocam ativas carreiras solos, e perpetuam a tradição da qual são padroeiros. Thurston passou pelo País no ano passado, com um show avassalador no Cine Joia, para mostrar o disco Demolished Thoughts. Agora é a vez de Ranaldo, de 57 anos, que atraca no Sesc Pompeia na semana que vem, com shows que retratam duas faces de sua prolífica obra. A primeira, mais acessível, dá as caras na quinta-feira (18/7), no Sesc Araraquara, e sexta e sábado (19 e 20/7) em São Paulo, quando o guitarrista sobe ao palco da choperia com sua banda The Dust para mostrar as prazenteiras canções do seu mais recente disco solo, Between the Times and the Tides, o primeiro de sua discografia solo que arrisca trabalhar a linguagem rock sem o apoio de Thurston Moore e Kim Gordon. A segunda, na semana seguinte (23 e 24/7), é Sight Unseen uma parceria conceitual com sua mulher, a artista Leah Singer, em que o casal explora som, filme e poesia (um vídeo da instalação mostra a guitarra de Lee pendurada pela crista, voando em elipses pelo espaço enquanto produz frequências aleatórias). Durante sua estadia em Nova Scotia, onde faz uma residência artística, o guitarrista falou ao Estado.

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