
11 de julho de 2013 | 02h09
No livro Escuta Só, o crítico de música erudita Alex Ross propõe uma linha evolutiva entre Arnold Schoenberg, Olivier Messiaen, Iannis Xenakis e Sonic Youth. O fio condutor da tese é a dissonância, que vazou gradualmente da sala de concerto, no decorrer do século 20, e encontrou fôlego no rock experimental dos anos 1970, até influenciar - entre outros - o visionário grupo nova-iorquino de Thurston Moore e Lee Ranaldo, nos anos 1980. Ao centro dessa mudança, os dois atuaram como exímios escultores de microfonia, ruído e canções populares. Foram interlocutores entre a linhagem punk e a escola conceitual da vanguarda erudita, capinando o terreno para a cena alternativa dos anos 1990 e para os afluentes da noise music contemporânea.
Desde 2011, o Sonic Youth não existe mais, por causa da separação de Thurston Moore e Kim Gordon, baixista do grupo. Mas Moore e Ranaldo tocam ativas carreiras solos, e perpetuam a tradição da qual são padroeiros. Thurston passou pelo País no ano passado, com um show avassalador no Cine Joia, para mostrar o disco Demolished Thoughts. Agora é a vez de Ranaldo, de 57 anos, que atraca no Sesc Pompeia na semana que vem, com shows que retratam duas faces de sua prolífica obra.
Os dois lados de um herói alternativo
A primeira, mais acessível, dá as caras na quinta-feira (18/7), no Sesc Araraquara, e sexta e sábado (19 e 20/7) em São Paulo, quando o guitarrista sobe ao palco da choperia com sua banda The Dust para mostrar as prazenteiras canções do seu mais recente disco solo, Between the Times and the Tides, o primeiro de sua discografia solo que arrisca trabalhar a linguagem rock sem o apoio de Thurston Moore e Kim Gordon. A segunda, na semana seguinte (23 e 24/7), é Sight Unseen uma parceria conceitual com sua mulher, a artista Leah Singer, em que o casal explora som, filme e poesia (um vídeo da instalação mostra a guitarra de Lee pendurada pela crista, voando em elipses pelo espaço enquanto produz frequências aleatórias). Durante sua estadia em Nova Scotia, onde faz uma residência artística, o guitarrista falou ao Estado.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.