Guggenheim no Rio: muito otimismo e nenhuma certeza

O presidente da instituição, Thomas Krens, está animado, César Maia já garantiu o investimento necessário, mas a vinda do museu ainda não é certa. Obra pode levar cinco anos

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Museu Guggenheim está mais perto do Rio mas sua vinda para a cidade não é definitiva. Depende de acertos entre a fundação que administra outras cinco unidades da instituição nos Estados Unidos e Europa, com o governo municipal e a iniciativa privada local. Se tudo der certo, sai em quatro ou cinco anos. Foi o que disseram hoje, em entrevista coletiva na prefeitura, o presidente da Fundação Guggenheim, Thomas Krens, e o diretor da unidade de Bilbao, Juan Ignacio Vidarte, depois de passarem o fim de semana na cidade, com o o arqutiteto Jean Novel, que cuidará do prédio do Guggenheim carioca. Os três se deliciaram com o local escolhido, o Pier Mauá, mas frisaram que a revitalização da área é fundamental para o sucesso do empreendimento. "Nossa presença aqui indica que confiamos no projeto, mas sabemos que é ambicioso e depende do sucesso em várias frentes simultâneas", disse Krens. "O Guggenheim é uma marca mundial, mas precisa ter também sua identidade local, como acontece na Espanha, em Veneza e em Berlin." O prefeito César Maia, que recebeu a comitiva durante o fim de semana e estava na coletiva, prometeu remover todos os empecilhos para a concretização do Guggenheim carioca. As negociações começaram em novembro de 2000, logo depois de sua eleição, e o contrato para o estudo de viabilidade do museu foi assinado um ano depois, ao custo de US$ 2 milhões (R$ 4,8 milhões), totalmente bancados pelo governo municipal. "Os US$ 120 milhões (quase R$ 250 milhões) necessários à construção já estão no orçamento municipal de 2002, caso a iniciativa privada não cubra essa quantia", garantiu Maia. "Posso prometer que, para trazer o Guggenheim para o Rio, seremos ousados além do que recomenda a prudência." Krens e Vidarte preferiram conter o entusiasmo, apesar do interesse da instituição em expandir-se para a América do Sul. Eles contaram que mais de cem cidades, em todo o mundo, se candidatam a ter uma sede da instituição, mas o Rio foi a única que apresentou as condições exigidas para iniciar o estudo de viabilidade. Jean Novel, que se tornou estrela da arqutitetura francesa por assinar, nos anos 80, os prédios do Instituto do Mundo Árabe e da Fundação Cartier, em Paris, e a Ópera de Lyon, não adiantou seus planos, mesmo a economizando modéstia. "Vou sentir a cidade para depois entendê-la, ter idéias e, por fim, criar um projeto para um prédio que vai identificar a cidade do Rio de Janeiro", disse ele, que não se atrapalha com a possibilidade de estar impedido legalmente de assinar projetos no Brasil, por ser estrangeiro. "Eu chamo algum arquiteto brasileiro de meu escritório para assiná-lo". A comitiva do Guggenheim permanece hoje no Rio, mantendo contatos com a iniciativa privada e sua partida está prevista para amanhã. Eles não marcaram data para uma volta, mas já deram um prazo para a palavra final sobre a instalação do museu no Rio. "Em dez meses teremos uma resposta e, quem sabe, dentro de quatro ou cinco anos inauguramos o Guggenheim do Rio", disse Krens.

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