PUBLICIDADE

Guggenheim no Brasil é especulação

Thomas Krens, principal chairman da Fundação Guggenheim, disse que ela não é um McDonald´s que abre filiais pelo mundo indiscriminadamente

Por Agencia Estado
Atualização:

A instalação de um museu Guggenheim no Brasil é, por enquanto, apenas uma grande especulação. Em sua mais recente visita ao País, Thomas Krens, principal chairman da Fundação Guggenheim, foi um pouco menos evasivo do que de costume e disse que a instituição que preside não é um McDonald´s e que não sai abrindo filiais pelo mundo indiscriminadamente. "Antes de tomar uma decisão dessas, é preciso conhecer a cultura de um país", ele disse. "Ter vindo ao Brasil já é um começo, mas nós pretendemos conhecer também outros países da América Latina", afirmou. As primeiras visitas do mais importante executivo da instituição ao Brasil tiveram outra principal motivação: o fabuloso acordo entre o Guggenheim e a Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais para a realização da mostra "Brasil: Corpo e Alma" em Nova York e Bilbao, dentro das comemorações dos 500 anos do Brasil. Em setembro, a mostra estará no Museu Guggenheim de Nova York. Fica no prédio da 5.ª Avenida até fevereiro de 2002. Em abril, transporta-se para o Guggenheim de Bilbao, na Espanha. As exposições vão focalizar dois períodos distintos da arte brasileira: o barroco e o moderno. "As exposições estarão inseridas em outro contexto, assim como a cenografia, visto que se trata de um projeto organizado pelo Guggenheim", disse Krens em sua última visita. Além disso, alertou, os espaços nos dois museus - Nova York e Bilbao - são diferentes. "Então, pode ser que um tenha mais peças do que outro, embora acredite que 95% do material exposto será o mesmo". Por conta desse 5% de material inédito, estão no Brasil desde hoje curadores e especialistas ligados ao Guggenheim para visitar igrejas, coleções e museus de Minas Gerais. Liderados por Julian Zugazagoitia, curador e assistente-executivo de Krens, vêm ao País, entre outros, Edward J. Sullivan (professor de artes da New York University), David Underwood (professor do Centro de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos da NYU), além da curadora-chefe do Guggenheim, Lisa Dennison. O projeto para a itinerância internacional para os dois museus Guggenheim está orçado em US$ 8,5 milhões, segundo o presidente da Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, Edemar Cid Ferreira. Parte desse custo, de acordo com Ferreira, será captada nos Estados Unidos, por meio da Brazil US Council, entidade fundada especialmente para buscar recursos das empresas americanas. Julian Zugazagoitia, em entrevista à reportagem, destacou que vê "particularidade, excelência e singularidade" na arte barroca brasileira, até agora o maior fetiche dos curadores estrangeiros. "Em relação ao barroco mexicano e latino-americano em geral, nota-se que a diferença brasileira é a influência africana, que dá mais sensualidade à representação, à maneira de esculpir e às capelas", afirmou. Além dos americanos, participam da "missão" os brasileiros Nelson Aguilar (curador-geral das 22.ª e 23.ª Bienal de São Paulo, em 1994 e 1996 e curador-geral da Mostra do Redescobrimento): Emanoel Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado, e Myriam Ribeiro, curadora independente. Além do patrocínio da Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, o diretor da Fundação Guggenheim, Thomas Krens, acredita que será necessária maior captação de recursos, pois há planos de criar um grande web site sobre as mostras, transmiti-las via TV a Cabo, além dos programas educacionais que envolvem as comunidades e as escolas dos Estados Unidos e da Espanha.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.