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Guggenheim chega mais perto do Rio

A cidade deverá tornar-se a sexta do mundo a receber um Museu Guggenheim, através de um acordo anunciado pela prefeitura do Rio, mas não confirmado pela instituição em Nova York

Por Agencia Estado
Atualização:

A prefeitura do Rio informou hoje que a cidade deverá tornar-se a sexta do mundo a receber um Museu Guggenheim. Em um acordo que seria assinado hoje, em Nova York, com a direção do museu americano, a prefeitura confirmaria o projeto - avaliado em R$ 100 milhões - de construção da versão brasileira do Guggenheim na zona portuária da cidade e, com isso revitalizaria uma das áreas mais degradadas do centro carioca. Procurada pela reportagem, a Assessoria de Imprensa do Museu Guggenheim em Nova York não se pronunciou sobre o assunto. O acordo seria acertado em Nova York entre Julio Horta, procurador-geral do Rio, e o advogado Jones Day, que representaria o Guggenheim. Nenhum dos dois foi localizado na cidade. O primeiro passo para a construção do Guggenheim no Rio será a realização de um estudo de viabilidade arquitetônica - uma análise feita por técnicos do Guggenheim de Nova York para avaliar como e onde construir o museu. O contrato assinado hoje prevê o início imediato desse estudo (com um custo de US$ 2 milhões), mas, apenas quando a análise for concluída, será definido o local de construção do novo museu. O prefeito César Maia, no entanto, tem insistido que ele será instalado na zona portuária, em algum lugar entre o Museu de Arte Moderna e os galpões da Companhia das Docas, que estão vazios e abandonados. O plano inicial é que o Guggenheim brasileiro seja instalado no Rio por meio de um acordo entre três parceiros patrocinadores: a filial nova-iorquina, a prefeitura carioca e o museu russo, Hermitage (parceiro do Guggenheim nova-iorquino). O último associado ajudaria com seu acervo de obras clássicas. Depois do estudo de viabilidade, que deverá ficar pronto até a metade do ano que vem, o projeto começaria a ser colocado em prática. O modelo para a filial carioca deve ser o do museu de Bilbao, inaugurado em 1997. Na cidade espanhola, o Guggenheim também foi instalado no porto e conseguiu revitalizar uma região degradada e perigosa. Lá, o projeto é considerado um sucesso e conseguiu atrair muitos investimentos. O prefeito espera que o mesmo ocorra no Rio. Arte contemporânea - Além de Bilbao e Nova York, há filiais do museu em Las Vegas, Veneza e Berlim. O primeiro Guggenheim surgiu em Nova York na metade do século passado, com o objetivo de dar espaço para exposições de arte contemporânea. As últimas duas cidades que ganharam versões do museu foram Bilbao e Berlim, ambas em 1997. A idéia de trazer o Guggenheim para o Brasil começou a tomar corpo em meados do ano passado, apadrinhada pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira, fundador da Associação Brasil + 500 - instituição que realizou a Mostra do Redescobrimento, para comemorar os 500 anos do Descobrimento do País. Em novembro do ano passado, o diretor do Guggenheim nova-iorquino, Thomas Krens, e o arquiteto que projeta seus prédios, Frank O. Gehry, estiveram no Rio e se encantaram com a cidade, mas foram reticentes. Havia ainda resistências a vencer, especialmente porque o museu não traria nenhum investimento e teria de ser construído só com capital brasileiro, público ou privado, ou obtido aqui. Ao tomar posse no início do ano, o prefeito Cesar Maia (PFL) comprou a idéia e assumiu as negociações pessoalmente. Chegou a ter encontros com a direção do museu, mas esbarrou no orçamento considerado muito alto para a cidade. Com a assinatura do convênio, o Guggenheim fica mais perto do Rio, mas ainda há muito a percorrer. A prefeitura não indicou, até agora, de onde sairão os US$ 2 milhões para o projeto e muito menos os R$ 100 milhões para a construção do prédio. Mas a prefeitura garante que ele fica pronto antes do fim da administração de Maia, em 2004. A construção de um sexto Guggenheim no Brasil pode ser mais um esforço da instituição americana para revitalizar suas finanças, terrivelmente abaladas depois do atentado terrorista ao World Trade Center. Segundo disse sua curadora-chefe Lisa Dennison ao The New York Times, o museu estuda reduzir o número de exposições planejadas para o próximo ano. "Estamos preparados para mudar rapidamente e fazer alterações em nosso calendário", disse Lisa. "Nossa crença é que fingir que esses acontecimentos são triviais seria irresponsável, e nós estamos agora no foco da ação." Crise - O museu demitiu 10% do seu pessoal recentemente para fazer frente à nova crise, que também apontou uma queda de 60% na freqüência da instituição. Thomas Krens, diretor da fundação Solomon R. Guggenheim, que faz a gestão do museu com sede em Nova York, é seriamente criticado pela imprensa e por entidades do setor, como a American Association of Museums. Pressionado pela crise, Krens não conseguiu ainda efetivar seu projeto de um novo palácio de Gehry em Lower Manhattan, que está sem recursos. Teve de postergar as exposições de obras de Matthew Barney e Kasimir Malevich e mesmo a exposição Brazil: Body and Soul, que deveria encerrar-se em janeiro, pode ser "esticada" por falta de recursos imediatos para uma nova mostra. Krens fala agora apenas em entrar em 2002 "com um balanço equilibrado".

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