PUBLICIDADE

Grupo Tapa muda de sede e leva cinco peças para o Sérgio

Major Bárbara, As Viúvas, Contos de Sedução, entre outras serão levadas pela primeira vez fora do Teatro da Aliança Francesa, que durante 17 anos serviu de sede para a premiada companhia

Por Agencia Estado
Atualização:

Pela primeira vez o Grupo Tapa apresenta várias peças de seu repertório fora do Teatro da Aliança Francesa, espaço que durante 17 anos serviu de sede para a premiada companhia. A partir desta quarta-feira, começa no Teatro Sérgio Cardoso uma programação especial que levará ao local as peças Major Bárbara, As Viúvas, Contos de Sedução e O Tambor e o Anjo. Vencedora dos Prêmios APCA de espetáculo, direção de ator - para o protagonista Zécarlos Machado -, Major Bárbara de Bernard Shaw, encontra no Teatro Sérgio Cardoso, pela grande dimensão de seu palco, o espaço ideal para acomodar os 14 atores do elenco e o cenário de grande porte. Por outro lado, a deliciosa comédia As Viúvas, que tem uma relação mais direta com o público, também sai beneficiada. "Mesmo sendo um teatro de grandes dimensões, a relação espacial entre palco e platéia é ótima ali", diz Eduardo Tolentino, diretor da companhia. Se o humor dá o tom em As Viúvas, o riso, o drama e o bizarro misturam-se em Contos de Sedução, reunião de contos de Guy de Maupassant. E nove atores da ala jovem do Tapa, sob direção do ator da companhia Paulo Marcos, contam o drama de uma menina dividida entre o pai militar e o irmão militante em O Tambor e o Anjo. Há 17 anos o Grupo Tapa transferiu-se do Rio para São Paulo abrindo uma nova fase na trajetória da premiada companhia. Na cidade, encenou de Chekhov a Plínio Marcos, sempre em sua sede, no Teatro da Aliança Francesa, com algumas curtas incursões por outros teatros. Em dezembro do ano passado, o espaço foi fechado para reformas. O Tapa começou então uma itinerância por teatros da cidade até então inédita na carreira do grupo. E o diretor Eduardo Tolentino acabou detectando novas possibilidades de atuação que podem até abrir um novo ciclo na trajetória do grupo. E pode ser ainda uma boa estratégia de ampliação de público para outras companhias. Fazendo temporadas simultâneas, em diferentes teatros, com diferentes peças do repertório, Tolentino percebeu claramente, na prática, aquilo que de alguma forma já se sabia - a existência de "diversas platéias" na mesma cidade. Mais do que excursionar pelo País, um desejo de toda companhia muitas vezes impedido pelos custos, existe a possibilidade de excursionar pela cidade, atingindo platéias muito diferentes. "Essa itinerância está sendo uma experiência muito interessante para o Tapa. Tivemos o apoio tanto do Estado quanto da Prefeitura, passamos por teatros públicos - todos os seis teatros distritais ocupados por companhias -, por teatros estaduais e também privados. E tivemos casa lotada em alguns deles desde o início, em outros com um aumento progressivo de platéia, o que só pode acontecer numa temporada, não em um evento de uma semana." Porém, o mais importante, para o diretor foi ter atraído um público que jamais tinha visto o Grupo Tapa. "Por vários motivos. A cidade é grande e muita gente desanima de sair do seu bairro para ir até o centro à noite, seja pelo trânsito, seja pelo cansaço mesmo, ou até por medo. Embora nunca tenhamos tido nenhum problema em nossa sede, algumas pessoas têm medo de ir ao centro da cidade à noite." Apoio - Ele aponta o bom resultado da política de ocupação dos teatros distritais. "Em alguns fomos convidados pelas companhias, em outros nós solicitamos pauta. Em todos eles nos beneficiamos dos contatos já feitos pelas companhias com organizações locais." Outra descoberta foi o importante apoio dos jornais de bairro. "Em alguns, como nas nossas duas temporadas no Teatro João Caetano, tivemos matéria toda a semana no Jornal da Zona Sul, chamando a atenção para diferentes aspectos do espetáculo e isso foi muito bom." Outro aspecto apontado por Tolentino, no caso dos teatros públicos, é a possibilidade de barateamento do ingresso. "Com custos menores, podemos fazer temporada a preços populares." Claro que a companhia conta ainda com o patrocínio da BR-Distribuidora. "Sem isso a itinerância seria muito mais difícil." A experiência não levou Tolentino a negar a importância de uma sede. "Essa itinerância tem seus aspectos negativos. É cansativa, nem todo espaço é adequado aos cenários, é preciso fazer adaptações. Mas isso também amadurece o espetáculo, amplia a experiência dos atores. Queremos voltar a ter uma sede. Mas o Tapa não será mais o mesmo depois dessa experiência. Algo vai mudar na atuação do grupo. Ainda não sabemos exatamente como. Mas certamente não ficaremos mais tanto tempo restritos a um único espaço." Serviço * As Viúvas. De Arthur Azevedo. Direção Sandra Corveloni e Brian Penido Ross. Duração: 70 minutos. Quarta e quinta, às 21 horas. Até 29/8. Reestréia amanhã. * Major Bárbara. De Bernard Shaw. Direção Eduardo Tolentino de Araújo. Duração: 150 minutos. Sexta e sábado, às 21 horas; domingo, às 18 horas. Até 29/9. Reestréia sexta. * O Tambor e o Anjo. De Anamaria Nunes. Direção André Garolli e Paulo Marcos. Duração: 90 minutos. Sexta e sábado, às 21 horas; domingo, às 19 horas. Até 13/10. Reestréia 17/8. * Contos de Sedução. De J. E. Amacker. Direção Eduardo Tolentino de Araújo. Duração: 90 minutos. Quarta, às 21 horas. Reetréia 21/8. R$ 10,00. Teatro Sérgio Cardoso. Rua Rui Barbosa, 153, tel. (11) 288-0136.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.