Grupo Razões Inversas celebra 21 anos com peça inédita

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Por AE
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Clássico ou contemporâneo? Eis uma dicotomia que nunca fez sentido para Marcio Aurélio. Enquanto fala sobre sua extensa trajetória, esse conceituado diretor oscila entre os dois mundos. Costura, constantemente, o passado e o futuro. Ao revisitar os 21 anos de sua companhia, a Razões Inversas, ele salta, sem sobressaltos, de um universo a outro. Parece ter descoberto um lugar em que a busca por novos caminhos para o drama não exclui, jamais, o vínculo com a tradição. É por isso que, no seu discurso, Newton Moreno - uma das vozes mais importantes da dramaturgia brasileira recente - não surge apartado de Bertolt Brecht. Tampouco existe um olhar que sirva para mirar Shakespeare e outro para Heiner Müller. "Eu sou um apaixonado. Então, a minha visão pode soar um pouco romântica. Mas eu sempre acreditei nisso", diz o encenador veterano, quase envergonhado do ímpeto juvenil.A alegria renovada tem motivo. A companhia comemora o aniversário inaugurando uma sede - a primeira de sua história. Além disso, burila os detalhes para o próximo espetáculo. No dia 27, apresenta "A Ilusão Cômica", texto do francês Corneille, escrito no século 17, que ainda permanecia inédito no Brasil. "Há 20 anos planejo fazer essa obra", conta. "É absolutamente revolucionária para a sua época".Longa festa - Em vez de concentrar os festejos pela maioridade em um evento único, o grupo preferiu estendê-los ao longo do ano. Além de seguir em turnê pelo País com "Agreste" e "Anatomia Frozen", também prepara a remontagem de uma de suas criações mais marcantes para o dia 1o de novembro. Marco do pré-romantismo, "A Bilha Quebrada" é uma comédia do alemão Henrich von Kleist e foi encenada pela cia. em 1993. "Como se passou muito tempo, a minha relação com o espetáculo mudou completamente", diz Marcio Aurélio. O que não mudou muito ao longo dos anos é o método de trabalho que deu nome à trupe. "Colocamos todas as razões na roda, que podem ser divergentes, até chegar a um denominador comum." Nesse contexto - de revisão da própria identidade - a escolha de "A Ilusão Cômica" não deixa de adquirir outros significados.A peça de Corneille pode ser vista como uma reflexão sobre as relações entre pais e filhos. E até mesmo como um prenúncio da Revolução Francesa que eclodiria um século depois. Mas chama a atenção, especialmente, pela maneira como se detém sobre o teatro como ofício. Traz uma peça dentro da outra, revela como funciona essa grande máquina de criar ilusões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.A Ilusão Cômica - CCBB (Rua Álvares Penteado, 112). Tel. (011) 3113-3651. Sexta e sábado, 19h30; domingo, 18h. R$ 10. Até 30/10. Estreia no dia 27.

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