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Grupo monta versão teatral do filme 'The Edukators'

Por AE
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Quando o ator e produtor Paulo Sanábio saiu da sessão do indicado à Palma de Ouro "The Edukators", no Festival do Rio de 2004, estava tomado pelo espírito revolucionário do longa. Pensou que fazer projetos teatrais era a sua forma de revolucionar. Estava plantada a semente da montagem "Edukators", adaptação do filme para teatro que estreia nesta sexta-feira no Sesc Belenzinho.No enredo, Peter e Ian (interpretados por Sanábio e Fabrício Belsoff, respectivamente) são jovens insatisfeitos com a desigualdade causada pelo capitalismo. Em uma tentativa de mudar o mundo, invadem mansões para alterar a configuração da mobília, sem danificar os objetos. É uma forma de "educar" os magnatas, que se chocavam ao encontrar a bagunça e ler o bilhete que diz "Seus dias de fartura estão contados", marca dos rapazes autointitulados edukators.Jule (Natália Lage) é a namorada de Peter e, ao contrário dos donos das mansões, representa um outro lado do capitalismo: garçonete recém-desempregada, está atolada em dívidas por ter batido no carro do milionário Hardenberg (Edmilson Barros), que cobra a conta. Quando descobre as ações de Peter e Ian, vê a oportunidade de invadir a casa de seu credor e o faz, em um ato de rebeldia. A aventura termina no sequestro do magnata, o que gera um embate duplo - de gerações e classes sociais."Por mais que a atitude dos jovens possa parecer ingênua, é sempre muito legal ter esse ímpeto à rebeldia, esse desejo de mudar o mundo", diz o diretor da montagem, João Fonseca. A peça, que estreou em janeiro no Rio, é a primeira adaptação internacional do texto do austríaco Hans Weingartner.Assim como Sanábio, Fonseca assistiu ao filme quando estreou no Brasil, em 2004, e ficou surpreso em ver um assunto que parecia esquecido tratado de uma maneira nova e interessante. "Pensei ''Ainda tem isso? Como é que é isso hoje?''", conta o diretor, que deu continuidade à parceria com Sanábio, com quem trabalhou em espetáculos como a peça "R & J de Shakespeare - Juventude Interrompida" e "A Ratoeira". A dupla convidou o dramaturgo Rafael Gomes para fazer a adaptação depois de assistir a "Música para Cortar os Pulsos", espetáculo que escreveu e dirigiu.O que mais pesou no processo de adaptação foi a responsabilidade em respeitar o texto original, diz Gomes. O desafio era se manter no limiar entre não fazer uma cópia do filme, mas ter fidelidade. A peça mantém a ideia do longa, tendo apenas algumas alterações necessárias à transposição ao palco. A mudança mais visível é a inserção de monólogos. "O Ian, por exemplo, é um personagem que tem cenas no filme para construir o caráter político dele. É uma construção que se dá pela ação, mas que seria impossível reproduzir no teatro", explica o dramaturgo. No palco, o perfil de Ian é transmitido em uma fala solitária de Fabrício Belsoff.Para Natália Lage, a invasão é uma das cenas mais difíceis de executar. "Faz parte de uma tensão que vai da ideia de entrar na casa até a estabilização do sequestro. É muita de ação, todos têm de estar bem afiados", diz a atriz que em nenhum dos cem minutos do espetáculo sai de cena. "É claustrofóbico, não dá para fazer uma horinha, tomar um café, checar o telefone. Mas eu até prefiro, assim me mantenho sempre dentro da personagem." Depois de temporada carioca de sucesso e de uma rápida passagem por Juiz de Fora, a equipe está ansiosa para a apresentação em São Paulo. "Aqui o público está acostumado a ver peças mais densas", diz Natália. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.EDUKATORSSesc Belenzinho (Rua Padre Adelino, 1.000). Telefone (011) 2076-9700. 6ª e sáb., às 21h30; dom., às 17 h. R$ 24. Até 26/5.

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