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Gruff Rhys em SP com seu estilo que nasce do caos

Por Roberto Nascimento
Atualização:

Poucos artistas se recusam a se acomodar dentro dos confins de um gênero da maneira como faz o gaulês Gruff Rhys, líder do Super Furry Animals, adorada banda indie dos anos 90. Em uma discografia de nove títulos com o Super Furry, e mais discos solos, Rhys entrou para a história como um dos pioneiros da pluralidade indie, misturando e alternando-se entre estilos variados, do rock psicodélico, aos ritmos caribenhos, ao techno, para desenvolver música pop de alta criatividade. "Crio através do caos", explica, em entrevista ao Estado. "É como partir em uma aventura. Como compositor, é muito fácil cair em armadilhas que te levam sempre ao mesmo lugar. Por isso busco combinações inusitadas, de pessoas e instrumentos." É a quarta visita ao País, lembra vagamente o simpático e avoado Rhys, ainda sob o jet lag de um voo que chegara a São Paulo na segunda-feira de manhã. Esta ética de combinações inusitadas traz Rhys ao País para um show com John Ulhôa e Fernanda Takai, do Pato Fu, hoje, no Studio SP (Rhys fará também um show solo na quinta-feira). "Acho que vamos brincar de trocar músicas", conta Rhys. "Talvez toquemos algumas músicas do Pato Fu em inglês, e outras do Super Furry, em português", diz, com uma risadinha. A conexão Brasil-País de Gales data do início dos anos 2000. Rhys não lembra ao certo quando, mas sabe que estava mixando o seu quinto álbum, Rings Around the World, em um estúdio em Londres, e trocou discos com os brasileiros. Desde então, manteve contato, embora aos 41anos, leve uma vida mais tranquila do que na época. "Hoje em dia, a única forma de ganhar dinheiro é fazer turnês constantemente. Eu toquei com o Super Furry na quarta-feira passada, mas estamos mais calmos, não viajamos tanto", explica. "A vida de turnê era muito hedonista. Agora estou casado, tenho filhos, valorizo o tempo que passo com minha família, em Cardiff." A desaceleração de Gruff Rhys se reflete em seus últimos discos, como Shampoo Hotel, em que parece ter simplificado o seu modo de encarar composições. "Eu passei tanto tempo em estúdios trabalhando no limite, que, por um tempo, a ideia de fazer discos que não chegassem a esse nível não seria uma coisa boa. Mas hoje em dia estou contente em trabalhar em termos mais simples, confortáveis", diz.

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