PUBLICIDADE

Grito incansável 'sai do chão' levanta multidão em Salvador

Cantores, principalmente de axé, utilizam bordão como uma varinha mágica para transportar o folião à euforia

Por RAQUEL STENZEL
Atualização:

Ninguém sabe ao certo quem o criou ou quando surgiu, mas o fato é que o "sai do chão" levanta multidões, e a folia de Salvador não vive mais sem o bordão. Os cantores, principalmente dos blocos de axé music, o utilizam como uma varinha mágica para transportar o folião a um estado de euforia e entusiasmo. E, por incrível que pareça, funciona. Veja as melhores imagens do carnaval de SP de 2008 Qual escola de samba será campeã em São Paulo? A cada pedido de "sai do chão" -- ou uma de suas variações como "tira o pé do chão", lançado em 1996 pelo cantor Netinho, "tira o pé" ou simplesmente "pula" -- os foliões se enchem de energia e se elevam sobre o asfalto sujo das ruas de Salvador. "É a troca de energia que faz você sair do chão. Sozinho, ninguém, ninguém sai do chão", avaliou Fernando Prado, 30 anos, médico anestesista mineiro, que pelo segundo ano consecutivo pula o Carnaval em Salvador. A cantora Ivete Sangalo, a mais popular estrela do Carnaval baiano, ao puxar o bloco Cerveja & Cia por quatro horas na primeira noite de Carnaval pediu, segundo registro da Reuters, 117 vezes para os foliões saírem do chão. Isso representa quase uma vez a cada dois minutos. Além disso, foram outros 32 chamamentos para as pessoas levantarem os braços. Para quem não tem o prepare físico da cantora, que faz musculação pesada para aguentar os seis dias de folia, a tentativa insana e repetitiva de tentar vencer a lei da gravidade pode trazer consequências físicas. "Não vou dizer que pular o Carnaval faz mal à saúde, pelo contrário. Mas qualquer atividade física intensa e repetitiva pode causar lesões, desde uma tendinite até a fratura por esforço", disse o médico ortopedista Marcelo Filardi, consultado pela Reuters. Especialista em lesões de esporte, ele disse receber muitos foliões em seu consultório em São Paulo após as festas momescas. O melhor, segundo ele, para evitar problemas futuros, é seguir o exemplo de Ivete e se preparar fisicamente. Mas se não der, pelo menos vale hidratar bem o corpo, dormir e se alimentar bem.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.