"Grease": a brilhantina está de volta

Seleção de elenco para versão brasileira do musical começa em outubro. Produção busca apoio de R$ 4 milhões

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Por Agencia Estado
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O circuito do show biz americano prossegue com vigor em solo brasileiro. Depois de Vitor ou Vitória, Les Misérables, Godspell e A Bela e a Fera, é a vez do look brilhantina se apresentar às platéias de um gênero que renasce com força total. Grease, originalmente escrito pela dupla Jim Jacobs e Warren Casey, em 1971, só ficou conhecido pela geração que hoje está na faixa dos 40 anos por causa da versão para cinema rodada em 1978. Chega agora ao vivo e em cores ao tablado do Teatro Procópio Ferreira, em fevereiro de 2003. A iniciativa é de duas pequenas empresas, a Brazilian Spot Lights Produções, de São Paulo, e a Asa Produções Corporais (Salvador, Bahia), que vão investir R$ 4 milhões na montagem brasileira. A direção será de Jorge Fernando, o diretor conhecido dos shows (Chitãozinho & Chororó, Elba Ramalho) e dos musicais Hair e Gaiola das Loucas. "Grease é top de musical sem o custo de um top", garante o produtor José Pando, parceiro de Luciano Lopes, na Brasilian Spot Lights. "Tem um forte apelo temático e seduziu platéias do mundo todo." A história de amor entre universos antagônicos (uma recriação de West Side Story) é ambientada nos anos dourados do rock´n´roll, em meio aos topetes entumescidos de brilhantina, hambúrgueres suando gordura e carrões personalizados. O filme perenizou a imagem da bela Olivia Newton-John. No Brasil, a seleção de atores (serão 34 escolhidos, divididos em dois elencos) e de músicos terá início em outubro, e será acompanhada pelos autores do musical. O time brasileiro será composto de 150 pessoas, entre atores, músicos e técnicos. Os arranjos musicais serão de Rudy Arnaut (Répi Auer e Conhaque) sobre adaptação de Jorge Julião. As versões para o português estarão a cargo Fernanda Gianesella e as coreografias, de Roseli Fiorelli (O Beijo da Mulher Aranha, Rent e Aí Vem o Dilúvio). O cenário tem assinatura de Renato Scripiliti, o mesmo dos musicais Splish Splash, Aí Vem o Dilúvio, Rent e O Beijo da Mulher Aranha. Serão duas horas de espetáculo, com 17 músicas. A Brazilian é uma produtora de pequeno porte (até 2001 ligada à Cooperativa Paulista de Teatro), de dimensões muito menores que a empresa mexicana CIE (Corporación Interamericana de Entretenimiento), responsável pela montagens dos musicais Les Misérables e A Bela e a Fera, no Brasil. Tanto um como outro foram negociados na forma de franquia, ou seja, sob a obrigatoriedade de se respeitar ipsis literis os cânones da montagem na Broadway. Quando a negociação se dá pela obtenção dos direitos de montagem, como no caso de Grease, pode-se mudar alguma coisa. Foi assim com O Beijo da Mulher Aranha e Godspell. Grease estreou originalmente sob a agitação do funk psicodélico dos anos 70, por um custo baixíssimo de 171 dólares e um elenco amador de 18 pessoas. O espaço da montagem era um celeiro úmido de Chicago. No entanto, de quatro apresentações de estréia, para 120 pessoas por sessão, passou para uma prorrogação de vários meses em cartaz. Depois ganhou nova adaptação para estrear na off-Broadway, em 72. Varreu cidades dos Estados Unidos e do Canadá. O musical fez mais sucesso, porém, em países como Inglaterra (a primeira produção londrina estreou com o então desconhecido Richard Gere no papel de Danny Zuko), e Itália (neste último país está em cartaz desde 1979). Na esteira de filme e musical, o álbum duplo de Grease bateu recordes de vendagem e no seu 25.º aniversário voltou ao topo novamente. Os greasers puderam ver o filme várias vezes; consumiram a moda dos discos, dos cadernos e objetos com a marca do musical e filme. Hoje é uma faixa que gira em torno dos 30 aos 45 anos, conforme demarcação dos produtores. "Esperamos também alcançar a geração mais recente, adepta à greasemania por influência dos pais", cogita Pando, um ator que começou a produzir por causa da paixão pelo teatro. Trabalhou na década de 90 como assistente do produtor Billy Bond, em musicais de forte apelo comercial como Bananas de Pijamas, Oh Calcutta! e Chiquititas ao Vivo (quando foi inaugurado Via Funchal). O teatro Procópio Ferreira já abrigou produções do gênero musical, como Irma Vap, Cabaret e Não Fuja da Raia. Também sediou as gravações do sitcom Sai de Baixo, da TV Globo, durante cinco anos. As sessões de Grease estão programadas de terça a domingo. As produtoras esperam cumprir uma temporada inicial de seis meses, com direito a prorrogação. As produtoras estão negociando cotas do tipo master (R$ 1 milhão) e sênior (R$ 335 mil). As empresas patrocinadoras terão sua logomarca agregada ao material gráfico de acesso ao público, de ingressos e filipetas a fôlderes, revistas e anúncios de jornal. Pando ressalta que empresas nordestinas, interessadas em conhecer melhor o projeto, podem entrar em contato com a Asa Produções, sediada na Bahia. "Se obtivermos patrocínio de algum estado nordestino, Grease pode estrear no Nordeste antes de iniciar temporada em São Paulo", esclarece o produtor. Os telefones de contato das produtoras são (11) 3105-7057 (Brazilian Spot) e (71) 264-2898 (Asa Produções).

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