PUBLICIDADE

Gravou 25 discos, só e com parceiros

Por Roberta Pennafort
Atualização:

Elton Medeiros e Paulinho da Viola começaram suas carreiras discográficas juntos, com Roda de Samba, em 1965. Quem os levou pela mão foi Zé Keti, que chamou parte da turma do Zicartola para "deixar uns sambas" na gravadora Musidisc. "Quem sabe algum intérprete se interessa...", pensaram todos. "Zé Keti era generoso, não queria aparecer sozinho", ressalta Elton. Foi assim que ressurgiu o grupo A Voz do Morro, com Zé, os dois, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro, Oscar Bigode e Zé Cruz. Eles ainda gravariam outros dois LPs, Roda de Samba 2 e Os Sambistas. Era a segunda formação do grupo (a primeira, que incluiu Cartola e Nelson Cavaquinho, só se apresentou uma vez e logo se dispersou).O grande marco de 1965 foi, no entanto, o espetáculo Rosa de Ouro. "Antológico", "lendário", "fabuloso" - são os adjetivos que o acompanham. Assinado por Hermínio e Kleber Santos, o musical, gestado no Zicartola, plantou no palco do Teatro Jovem, em Botafogo, cinco jovens representantes do "samba de raiz": Elton, Paulinho, Nelson Sargento, Anescarzinho do Salgueiro e Jair do Cavaquinho. E duas presenças femininas surpreendentes: Araci Cortes, cantora e atriz de sucesso nos anos 20 e 30, da qual não se ouvia mais falar, e Clementina de Jesus, revelada ao público ali, aos 63 anos. "Você imagina o que foi aparecer uma velha negra, contrariando os padrões da época, em pleno iê-iê-iê, com aquela voz...", lembra Elton. A abertura era com Rosa de Ouro, o primeiro samba composto pela dupla Elton/ Paulinho (com Hermínio), e que deu origem a dois LPs que se seguiram. Depois vinham pérolas de autores consagrados e mais dos novatos. Elton compunha e cantava. Ex-integrante da Orquestra Juvenil de Estudantes, teve como primeiro instrumento o sax horn. Também tocou trombone e bateria. Dos anos 60 para cá, gravou 25 discos, sozinho e com parceiros, equilibrando a carreira artística e o trabalho como administrador (formou-se Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio). Compôs sambas-enredo e foi fundador de três escolas de samba - só uma, a Unidos de Lucas, resiste. Ele ainda assiste a um desfile ou outro pela televisão. "Não a noite toda. Hoje eu sou um velhinho, né?" Em março, sofreu um enfarte, e agora só pode beber "uma ou duas" taças de vinho por semana." Áudio. nome

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.