22 de julho de 2010 | 00h00
O grande marco de 1965 foi, no entanto, o espetáculo Rosa de Ouro. "Antológico", "lendário", "fabuloso" - são os adjetivos que o acompanham. Assinado por Hermínio e Kleber Santos, o musical, gestado no Zicartola, plantou no palco do Teatro Jovem, em Botafogo, cinco jovens representantes do "samba de raiz": Elton, Paulinho, Nelson Sargento, Anescarzinho do Salgueiro e Jair do Cavaquinho. E duas presenças femininas surpreendentes: Araci Cortes, cantora e atriz de sucesso nos anos 20 e 30, da qual não se ouvia mais falar, e Clementina de Jesus, revelada ao público ali, aos 63 anos. "Você imagina o que foi aparecer uma velha negra, contrariando os padrões da época, em pleno iê-iê-iê, com aquela voz...", lembra Elton. A abertura era com Rosa de Ouro, o primeiro samba composto pela dupla Elton/ Paulinho (com Hermínio), e que deu origem a dois LPs que se seguiram. Depois vinham pérolas de autores consagrados e mais dos novatos.
Elton compunha e cantava. Ex-integrante da Orquestra Juvenil de Estudantes, teve como primeiro instrumento o sax horn. Também tocou trombone e bateria. Dos anos 60 para cá, gravou 25 discos, sozinho e com parceiros, equilibrando a carreira artística e o trabalho como administrador (formou-se Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio). Compôs sambas-enredo e foi fundador de três escolas de samba - só uma, a Unidos de Lucas, resiste. Ele ainda assiste a um desfile ou outro pela televisão. "Não a noite toda. Hoje eu sou um velhinho, né?" Em março, sofreu um enfarte, e agora só pode beber "uma ou duas" taças de vinho por semana."
Áudio. nome
Encontrou algum erro? Entre em contato