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Grafite de Alex Vallauri volta a SP

Exposição no Espaço de Artes Unicid traz 28 recortes originais do artista, morto em 1987, e traz ainda obras de outros grafiteiros, artistas plásticos e discípulos

Por Agencia Estado
Atualização:

Entre os artistas brasileiros destacados pelo prestigioso estudo Art Today, de Edward Lucie-Smith (publicado nos Estados Unidos pela Phaidon), estão Jac Leirner, Daniel Senise e Alex Vallauri, artista grafiteiro morto em São Paulo em 27 de março de 1987, aos 37 anos. Lucie-Smith destacou o grafite A Festa na Casa da Rainha do Frango Assado (destaque da 18.ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1985) como um dos grandes trabalhos da arte latino-americana do século passado. Os grafites de Vallauri já sumiram dos muros de São Paulo e Nova York, duas cidades onde atuou com mais desenvoltura e método nos anos 70 e 80 (virou até cartão-postal em Manhattan). Mas ele não será esquecido tão facilmente: esta noite, abre-se a exposição Stencil Art na Contemporaneidade: Uma Homenagem a Alex Vallauri, no Espaço de Artes Unicid, com 28 recortes originais do autor. Um grupo de grafiteiros, artistas plásticos e discípulos (time que inclui Eduardo Castro, Eymard Ribeiro, Job Leocádio, Jorge Tavares, Júlio Barreto, Celso Gitahy, Ozéas Duarte e Cláudio Donato) expõe obras relacionadas às temáticas e aos valores de Vallauri em suportes variados, como azulejos, madeira lona de caminhão, telas e recortes de plástico reciclado. Para completar, no dia 1.º de setembro, os artistas presentes à mostra fazem a pintura de um muro de 350 metros quadrados, de propriedade da CPTM, ao lado da Universidade que abriga a exposição. Por que a arte de Vallauri, que poderia ser datada face ao seu parentesco com a pop art americana, ainda persiste e resiste com tanta força? "Ele é, na verdade, o pop latino-americano, mais colorido e engraçado que o americano", diz João Spinelli, curador da exposição. "O pop foi meio sério, usou como temas os quadrinhos, e Vallauri eliminou as retículas das histórias em quadrinhos, usou cores fortes, alegres", diz. Outra ponto forte do grafite de Vallauri, segundo o curador, é que ele não era apenas um artista da moda. "Tinha o domínio do desenho, da composição, não era um diletante", afirma. Nos anos 80, quando cursava desenho no Pratt Institute, em Nova York, Vallauri conheceu Andy Warhol, o papa da pop art americana. Warhol ficou fascinado com um dos trabalhos do brasileiro e abriu-lhe as portas para sua "corte" artística. Entre 1981 e 1982, Alex Vallauri grafitava Nova York, tendo como contemporâneo Jean-Michel Basquiat. Mas o apelo publicitário da arte de Basquiat tornou sua obra muito mais conhecida, embora Vallauri não padeça de menor talento. Vallauri deixou uma respeitável legião de seguidores. Júlio Barreto era menor de idade quando o conheceu. Iniciou-se com Vallauri e prosseguiu com Maurício Villaça, amadurecendo sua arte a partir dos muros. Inquieto, Vallauri é definido pelo curador de sua mostra póstuma como um "pesquisador". Foi o primeiro a usar PVC como material de recorte para grafite. "Se vivesse hoje, provavelmente não faria mais grafites", diz Spinelli. "Aquilo tinha a ver com um momento histórico, com uma tentativa de romper com as regras expositivas dos museus e das galerias." Stencil Art na Contemporaneidade: Uma Homenagem a Alex Vallauri. De segunda a sexta, das 9h30 às 21 horas; sábado, das 10 às 15 horas. Espaço de Artes Unicid. Rua Cesário Galeno, 475, tel. 6190-1372. Até 27/9. Abertura amanhã (15), às 9h30.

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