GNT apresenta João do Rio ao século 21

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Por Agencia Estado
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O jornalista e escritor João do Rio (1881-1921), andarilho urbano com forte senso de observação, deixou páginas valiosas sobre o Rio de Janeiro de 90, cem anos atrás. Em sua homenagem, a diretora Kika Lopes realizou o documentário João do Rio e a Alma Encantadora das Ruas, de 60 minutos, que o GNT exibe em duas partes, amanhã e sexta-feira às 22h30. Com narração de Paulo José e Antonio Abujamra, o documentário tem música de Ivo Meireles e depoimento de críticos escritores e jornalistas, entre os quais Zuenir Ventura, João Silvério Trevisan e Silviano Santiago. O urbanista Augusto Ivan Barreto participa, contextualizando a trajetória de João do Rio com os anos de radical transformação da cidade. É bom lembrar que naquela altura, por volta de 1905, o prefeito Pereira Passos e o sanitarista Oswaldo Cruz levavam a cabo o projeto de uma Paris tropical, dando uma nova feição à capital. Sempre associado ao trinômio "gordo, mulato e homossexual", que aliás não lhe garantiu vaga nenhuma na posteridade, João do Rio foi o literato mais polivalente da sociedade carioca nas décadas de 1900 e 1910. Ingressou no jornalismo aos 17 anos, destacou-se como repórter, cronista e foi avançando literatura a dentro como tradutor, autor de contos, romances e peças. Seu primeiro livro, As Religiões no Rio (1904), vendeu 10 mil exemplares em três anos. Pela importância do que escreveu sobre o povo do Rio daquela época, desvendando o jeito de viver, a música e as religiões de pobres e marginalizados, chega a constar em enciclopédias também como folclorista. Era apenas um excelente repórter, o primeiro, por exemplo, a visitar cadeias para ver de perto a situação dos presos. Trouxe para o Brasil a reportagem in locus e o formato pingue-pongue de entrevista. Vivia mergulhado na plebe e dela abastecia a sua pena -- ao mesmo tempo dedicada ao rebuliço de dândis e madames nas casas de chá. Era, porém, flanando nas ruas que se sentia livre. Transformou as andanças pelo centro em reportagens que reuniria depois em livro: A Alma Encantadora das Ruas (1908), peça fundamental para quem estuda o período, serviu de premissa para Kika Lopes. A edição mais recente, de 1997, é da Companhia das Letras. "A história começou com um curta, Nos Tempos do Cinematógrafo (baseado em um conto de João do Rio, Dentro da Noite), que fiz há seis anos", fala a diretora. "Escolhi esse livro porque é a obra mais importante dele e os textos são todos atuais. Ele já falava sobre a poluição do mar em 1904." João do Rio e a Alma Encantadora das Ruas - Amanhã (parte 1) e sexta-feira (parte 2), às 22h30. As duas partes serão reprisadas dia 10, às 20 h. No canal pago GNT.

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