Glamour alternativo

Festival de Cannes começa hoje com uma polêmica seleção de filmes que tendem para o mais ousado e o menos mercadológico

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

A Palma mais cobiçada do mundo.

Ressaca do mar quase ameaçou a festejada cidade litorânea, mas o burburinho já está instalado, embora com menos astros e mais 'filmes-cabeça'

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ENVIADO ESPECIAL / CANNESHá dois anos, já ocorrera um fenômeno parecido com o da semana passada e outra ressaca produziu uma onda que invadiu a Croisette, destruindo parcialmente a decoração do festival que começa hoje. Houve alarme. O pequeno Tsunami colocaria em risco a 63.ª edição do maior evento de cinema do mundo? Um comunicado dos organizadores colocou fim às especulações. O Festival de Cannes de 2010 estava assegurado e, nesta noite, estende o tapete vermelho para a première mundial de Robin Hood. O épico de Ridley Scott com Russell Crowe no papel do herói ? e Cate Blanchett como Lady Marian ? estreia simultaneamente nos EUA e na Europa. Em Paris, os ingressos vendidos com antecedência autorizam a expectativa de um grande êxito. No Brasil, o filme entra em cartaz na sexta.O pequeno Tsunami causou estragos superficiais, mas, segundo os comentários de bastidores, outro Tsunami, muito maior, agita os bastidores de Cannes. Os patrocinadores não estão nada satisfeitos com a seleção do diretor artístico Thierry Frémaux. Nunca o tapete vermelho de Cannes foi tão "alternativo", pelo menos nos últimos anos. A seleção oficial reduziu ao mínimo a participação dos EUA na competição. Os suspeitos de sempre ? Woody Allen e Oliver Stone, entre outros - vão animar as sessões especiais, mas com reduzidos astros e estrelas de Hollywood participando da competição, o brilho e o glamour das sessões de gala estão ameaçados. Será? Cannes é um grande evento midiático, é como uma Copa do Mundo sem Kaká nem Robinho.Garimpagem. Thierry Frémaux está tranquilo. Diz que a seleção de 2010 põe na disputa pela Palma de Ouro o que de mais importante foi oferecido, ou pôde ser garimpado, entre as centenas de títulos oferecidos, de todos os lugares do mundo. França, Itália e Alemanha vão representar a Europa, Coreia e China garantem a representação asiática e a América Latina envia à Croisette uma de suas estrelas ? o mexicano Alejandro González-Iñárritu, que mais uma vez concorre à Palma de Ouro, agora com Biutiful. Na verdade, tudo não passa de conjecturas ? o festival ainda nem começou, mas a Croisette já fervilhava ontem, como poucas vezes se viu. Alternativo, sim. Mas é difícil derrubar o glamour.

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