PUBLICIDADE

Giulia Gam volta a encarnar Jocasta

Quinze anos depois de interpretar a heroína da tragédia grega na novela Mandala, a atriz reencontra a personagem em As Fenícias, que estréia amanhã em SP

Por Agencia Estado
Atualização:

Para Giulia Gam, um dos pontos altos da peça As Fenícias, do grego Eurípedes, é quando um dos personagens diz: "A verdadeira virtude é a eliminação de toda a paixão." Na tragédia, que estréia amanhã no Teatro Oficina, Giulia vive Jocasta, o mito grego que se casa com o primogênito, Édipo, e vê seus filhos brigarem pelo poder. É a segunda vez que atriz e personagem se encontram. Em 1987, ela fez a jovem Jocasta na novela Mandala, de Dias Gomes. Foi o papel que a tornou conhecida em todo o Brasil. No ano passado, a convite do diretor Caco Coelho, Giulia hesitou antes de se entregar ao personagem. "Pelo momento que vivo, tive medo", confessa. A atriz disputa na Justiça com o ex-marido Pedro Bial a guarda do filho Theo. As Fenícias entrou em cartaz no primeiro semestre de 2001 e a crítica carioca apontou a Jocasta de Giulia como o grande destaque do elenco, formado por jovens atores da companhia Circo de Estudos Dramáticos. "Carreguei todas as minhas emoções, a disputa judicial pela guarda do Theo, para a personagem e fiquei perplexa. Interpretar Jocasta me descarregou." O texto de As Fenícias, escrito por Eurípedes em 411 a.C, concentra-se na luta fratricida entre Etéocles e Polinices, filhos de Jocasta. O apelo da mãe é pelo bom senso para que tanto a família quanto o Estado sejam poupados da tragédia. Eurípedes e Sófocles foram dois dos maiores dramaturgos de Atenas, que mantinha a tradição teatral por meio de concursos nos quais dezenas de autores participavam escrevendo sobre um mesmo tema. Na tragédia de Sófocles, Jocasta se mata ao descobrir que havia se casado e tido filhos com Édipo, seu primogênito. Em Eurípedes, ela resiste à má notícia e continua no palácio real de Tebas, na companhia dos quatro filhos que tivera com Édipo. Ela só se entrega ao desespero, enterrando uma espada no próprio peito, quando testemunha a morte de Etéocles e Polinices depois da disputa pelo trono. Estudiosos consideram que, segundo Eurípedes, para uma mulher como Jocasta, a rivalidade homicida entre os filhos era pior que o incesto. Para Giulia Gam, a principal discussão dessa tragédia é a maternidade e tudo o que ela implica: "Jocasta simboliza a Justiça. Ela vive a mãe em todos os seus aspectos. Representa o bom senso e o equilíbrio em um mundo tomado pela escuridão, e que se parece muito com o que vivemos hoje." No Rio, a peça foi montada num espaço aberto do Museu da República. Em São Paulo, Caco Coelho teve que adaptá-la para o palco do Oficina, companhia de José Celso, com quem o diretor de As Fenícias diz manter grande afinidade. As Fenícias, de Eurípedes, com direção de Caco Coelho, no Teatro Oficina, rua Jaceguai, 520, Bela Vista, 289-2358; de quinta a sábado, às 21h30, domingo, às 20h. Ingresso: R$ 20.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.