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Gil propõe pacto entre escritor, editor e livreiro

O ministro propôs a criação de uma Câmara Setorial e recebeu de 170 escritores o manifesto Temos Fome de Literatura

Por Agencia Estado
Atualização:

Numa reunião com quórum inédito para o setor - mais de 200 pessoas, entre livreiros e editores, além de representantes de um grupo de 170 escritores e poetas -, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, deu na segunda-feira, em São Paulo, o pontapé inicial para a criação de uma Câmara Setorial para o livro, a leitura e a literatura. Sempre ao seu estilo elíptico, Gil disse que construir uma política pública para o setor, "sob os escombros da desconstrução do moderno para o pós-moderno", exigiria uma ampla aliança ("repactuação") de todos os setores envolvidos na cadeia produtiva do livro. Para o ministro, será especialmente complicado reconstruir a "dimensão letrada" de uma nação, porque pressupõe a compreensão de "como resignificar", equacionar um dilema. "Na era do hipertexto, do que significa o texto?" Gil veio a São Paulo com as simpatias do setor industrial do livro, que teve há uma semana a boa notícia de que não seria mais onerado com a cobrança dos impostos PIS e Cofins na fabricação e comercialização do artefato. Mas os escritores não se mostraram tão à vontade na condução da política da sua câmara setorial. Cerca de 170 autores, encabeçados na reunião por Ricardo Aleixo, Sebastião Nunes, Rodrigo Garcia Lopes, Ademir Assunção e Lourenço Mutarelli, divulgaram o manifesto Temos Fome de Literatura, no qual pedem que o autor seja também contemplado pelas políticas públicas. Citaram o ABC da Literatura, de Ezra Pound: "Uma nação que negligencia as percepções de seus artistas entra em declínio. Depois de um certo tempo ela cessa de agir e apenas sobrevive." Gil disse que os autores não estavam sendo negligenciados no processo, ainda no seu início. "O que talvez haja é que os outros sejam mais organizados (o editor, o livreiro). É o mesmo problema da música. Em geral o artista é a parte mais frágil do elo de produção, porque está preocupado em fazer arte, e isso requer mais organização", ponderou, acrescentando que o governo quer a participação de todo o espectro produtivo.

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