07 de dezembro de 2012 | 10h21
Gil conheceu Stevie nos anos 1980, quando fez Só Chamei pra Dizer Que Te Amo, versão de I Just Call to Say I Love You, do cantor e compositor americano. Ambos negros, ativistas, ambos operários do ritmo. Stevie, funk soul brother que está no Olimpo da black music, mudou a face da música moderna com canções como Superstition (1975), base de tudo para dançar que viria depois. Gil foi o aríete do tropicalismo.
O encontro aconteceu em Washington. Gil estava em turnê e lembra como foi: "Estava ensaiando, passando o som de tarde, quando recebi um telefonema. ?Stevie Wonder está em Washington e quer falar com você?. ?Stevie Wonder? Aquele Stevie Wonder??, perguntei. Tinha acabado de gravar a versão de I Just Call to Say I Love You. Liguei e ele disse que queria ver o meu show. Falei ?claro?. E reservamos uns cinco lugares, ele veio com comitiva".
Stevie subiu ao palco e tocou gaita em I Just Call. O americano estava em Washington para uma audiência no Congresso, no dia seguinte. Pleiteava o dia Martin Luther King. "Fomos jantar, depois fomos para o hotel dele. Estava hospedado no Watergate, aquele famoso do Nixon. E foi uma conversa longa, ficamos a noite toda, até as 7h30 da manhã. Ele falando sobre como estava receoso de represálias, sabia que eu tinha uma inserção política aqui no Brasil. E daí nasceu essa camaradagem. Quando ele veio fazer uma excursão no Brasil, pediu para que eu participasse."
Depois disso, Stevie voltou a convite do já ministro Gilberto Gil, em 2006, para um simpósio sobre negritude em Salvador. Quando houve o Rock in Rio, no ano passado, Stevie era um dos astros. "Eu estava em casa, 1 h da manhã, e ele me ligou lá do camarim. ?Gil, você não vem ao show?? Eu não podia, tinha chegado de Salzburg, estava morto. Disse: amanhã vou lhe visitar no hotel. Fui, ficamos horas conversando."
Erasmo Carlos, durante o mesmo Rock in Rio, indagado se gostaria de ver alguma banda em especial ali, respondeu: "Não. Já vi o Stevie Wonder, então já vi tudo!". Agora, um milhão poderá conferir se Erasmo tinha razão.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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