Gil anuncia cinco novos museus estatais

Congonhas do Campo e Ouro Preto (MG), Corumbá (MS), Salvador (BA) e duas cidades à margem do São Francisco, no Nordeste, vão receber as novas instituições. Gil quer ainda criar uma fundação para gerir os museus da União

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Por Agencia Estado
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O ministro da Cultura, Gilberto Gil, vai criar cinco novos museus estatais em seis diferentes cidades do País. O plano foi revelado anteontem à noite ao Estado, durante a abertura da exposição Negras Memórias, Memórias de Negros, na Galeria de Arte do Sesi, em São Paulo. Os novos museus são os seguintes: Museu Aleijadinho (Congonhas do Campo, Minas), Museu do Barroco (Ouro Preto, Minas), Museu de Antropologia e Arqueologia do Pantanal (Corumbá, MS), Museu Afro (Salvador, Bahia) e Museu Velho Chico (com a história do Rio São Francisco, em Penedo, Alagoas, e Canindé do São Francisco, Sergipe). A verba e suporte para instalação dos museus virá do Programa Monumenta, associação entre o ministério e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de recursos de governos estaduais, municipais, ONGs e patrocínios privados. O Museu Aleijadinho poderá incorporar os famosos Profetas do escultor, 12 grandes esculturas de pedra atualmente em estado delicado na frente da igreja de Bom Jesus de Matosinhos. Os Profetas, com a anuência da prefeitura da cidade, deverão ser tirados da praça onde hoje se encontram, para evitar sua deterioração. O Museu Afro, de Salvador, já tem uma área destinada para sua instalação: é o antigo prédio do Tesouro, na Rua do Tesouro, próximo à Igreja da Ajuda. Seu acervo seria constituído com peças do próprio governo, hoje sob a guarda da Universidade Federal da Bahia, e de organismos como o Instituto de Estudos Afro-Orientais de Salvador. O projeto do Museu do Barroco em Ouro Preto já têm patrocínios assegurados do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, garantidos após colaboração entre os ministros Gil e Palocci, da Fazenda. Ontem, havia também a possibilidade de o ministro Luiz Gushiken, de Comunicação e Gestão Estratégica, incluir verbas de estatais - cerca de R$ 600 milhões - à disposição do plano de ação cultural do governo Lula. "Tenho um projeto de reforma do ministério que será entregue amanhã (ontem) ao ministro Mantega", disse Gil. O plano do ministro é amplo e inclui a criação de uma fundação dos museus estatais, a exemplo do que acontece na França com a Réunion des Musées Nationaux (RMN), entidade criada em 1895 e que congrega os 32 museus nacionais daquele País. O ministro convidou o artista plástico e museólogo Emanoel Araújo para ser o diretor da nova fundação. "Daqui a um mês, ele começa a colaborar", disse Gil, que almoçou anteontem com Araújo para discutir detalhes do projeto. Ao Estado, Araújo afirmou que tenta evitar assumir um cargo executivo no novo organismo. "Acabei de romper os grilhões", disse Araújo. "Fiquei 10 anos na Pinacoteca." Sua função seria inicialmente a de consultoria, para ajudar a "formatar e conceituar" os acervos dos novos espaços. A criação dos cinco novos museus deve começar imediatamente, segundo o ministro. No final de março, em Ouro Preto (MG), serão lançadas os planos de construção de novos edifícios ou de adaptação de construções históricas para abrigar as instituições. "Ouro Preto será a primeira ação do ministério na área do patrimônio porque a cidade é um símbolo, foi tombada antes mesmo da existência do Iphan", disse Marcelo Carvalho Ferraz, do Programa Monumenta. Segundo ele, toda a negociação para a instalação dos museus está se passando em discussões com prefeituras municipais. "Nada está sendo decidido de cima para baixo, e o projeto está todo aliado à proposta de recuperação do patrimônio histórico do País", afirmou. Uma das preocupações do governo, segundo Ferraz, é também tirar a ação governamental do eixo Rio-São Paulo, onde ela se concentrou durante muito tempo. "Serão museus muito regionais, mas com padrão internacional", afirmou. Gil teria audiência ontem à noite com o Ministro do Planejamento, Gestão e Orçamento, Guido Mantega, na qual faria uma explanação do seu programa de reforma do Ministério da Cultura. O ponto nevrálgico é a criação da Fundação de Museus da União. Atualmente, a União é mantenedora de 10 instituições museológicas: os museus das Missões, da República, Museu Imperial, Museu Histórico Nacional, Museu da Inconfidência, Villa-Lobos, Museu Nacional de Belas Artes, Paço Imperial, Cinemateca Brasileira e Museu Lasar Segall. Veja o índice de notícias sobre o Governo Lula-Os primeiros 100 dias e os ministérios

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