Gianni Ratto lança seu apelo à sensibilidade perdida

Com Hipocritando - Fragmentos e Páginas Soltas, o diretor teatral Gianni Ratto quer estimular a criatividade e sensibilizar jovens que aspiram à carreira artística

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Por Agencia Estado
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Um livro para instigar o olhar do leitor e tocar sua sensibilidade. É o que deseja o diretor e cenógrafo Gianni Ratto com Hipocritando - Fragmentos e Páginas Soltas. Arte e vida, ética e estética - temas diversos são abordados livremente por Ratto neste livro de edição primorosa, ilustrado com 110 imagens de quadros, esculturas ou fotografias. Editado pela Bem-Te-Vi, o volume tem 144 páginas e custa R$ 80. Será lançado no Museu de Arte de São Paulo (Masp) nesta segunda-feira às 18h30, quando será vendido pelo preço especial de R$ 65. Para alcançar seu objetivo, a sensibilização do aspirante à carreira artística, Gianni entabula uma gostosa conversa com o leitor, numa prosa solta, na qual ele pode comentar desde a geometria de uma concha, passando pela mitologia grega, até o rigor no treinamento de jovens ginastas. Uma conversa que ele define como "meio confusa", mas que tem como objetivo evidente estimular a busca pelo saber, atiçando os sentidos e a curiosidade intelectual. "Criar um campo no qual a sensibilidade seja potencializada foi a minha intenção. Cada imagem carrega algo muito além do que estou escrevendo", diz. A preocupação com o jovem sobressai em vários momentos da entrevista do diretor. "O jovem ator tem uma carga de sensibilidade muito grande, destruída pelo desejo de sucesso imediato, de êxito fácil. Ele não atravessa essas sendas de contundente negatividade se não tiver muita força", diz Ratto. "Redescobrir as fontes da criatividade é um processo, hoje, quase arqueológico", afirma ele. Aos 86 anos, tendo vivido na Itália o horror da segunda Guerra Mundial, Ratto parece oscilar entre uma intensa fé na capacidade do homem e a melancolia de quem vê seus mais caros valores negligenciados até mesmo por aqueles que se auto-intitulam artistas. "Nesta briga dos espaços disponíveis para mega ou mínimos espetáculos, o que sobrevive?", indaga num dado momento de seu livro, com certa melancolia. Mas em seguida responde, otimista: "Os ideais que nunca esmorecem, a esperança de encontrar a palavra perdida, as emoções reconquistadas a duras penas, o crer absoluto na decência do obrar em teatro." Hipocritando - Fragmentos e Páginas Soltas - De Gianni Ratto. Editora Bem-Te-Vi, 144 páginas, R$80.

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