Germana Monte-Mór abre mostra em SP

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Por Agencia Estado
Atualização:

Com um pensamento muito próximo da gravura - sua primeira linguagem plástica - e do desenho, a artista plástica Germana Monte-Mór vem se dedicando a explorar o limite tênue entre coisas aparentemente opostas. Nos últimos anos, ela vem expondo interessantes pesquisas formais em que o papel se torna suporte não do lápis ou da tinta, mas de elementos que aparentemente não têm nenhuma relação com a obra de arte bidimensional, como o asfalto e a argila. O equilíbrio, neste caso, tem algo de incômodo, de indefinido. Não é o caso das obras que expõe a partir desta quarta-feira na Galeria Marília Razuk e que já puderam ser admiradas pelos paulistanos em exposição realizada no ano passado na Capela do Morumbi. Os desenhos que Germana cria nos papéis aqaba - bastante porosos - usando óleo damar têm uma leveza cativante, suave, que contrasta com os choques criados em seus trabalhos anteriores. Os ângulos mais rígidos do asfalto brigando - e estruturando o papel - cedem lugar a curvas delicadas, que lembram cartografias imaginárias. O contraste entre os campos brancos do papel intocado (e por isso mais opaco) e as grandes manchas criadas pelo óleo com que embebe o papel têm algo de misterioso, que se acentua ainda mais nessa versão. Na instalação da Capela do Morumbi, as paredes de pau-a-pique facilitavam a leitura da obra, tornando a transparência mais evidente. Na galeria toda branca, a obra se insinua, como uma pele. Como diz o crítico Rodrigo Naves no catálogo da exposição, "os claros que aos poucos se abrem revelam um conhecimento que, aos poucos, livra o mundo de sua opacidade, descerrando novas significações, apontando possibilidades insuspeitas". É como se a artista plástica carioca - mas formada pela Faap - estivesse lidando com recortes, mas tudo não passa de um truque simples de quem conhece o óleo damar desde suas pesquisas com parafina e encáustica no fim da década de 80, materiais que utilizam essa delicada resina de origem oriental. A parafina, aliás, está também presente na exposição na forma de duas gigantescas bacias, que retomam a duplicidade que Germana busca em seu trabalho. Esta é uma das primeiras vezes que Germana mostra suas pesquisas tridimensionais. Outro elemento inusitado desses baciões são o fato de eles representarem algo do mundo real, em vez de serem abstratas como a grande maioria da obra da artista, mesmo que destoem da realidade por seu tamanho, material, forma e cor. Germana conta que sempre trabalhou com peças tridimensionais e sempre gostou de lidar com coisas matéricas - chegando a usar papel machê como tinta quanto estava na universidade. Aliás, é dessa pesquisa no campo da escultura que nasceu sua idéia de desenhar com a argila. Germana Monte-Mór - De segunda a sexta, das 10h30 às 19 horas; sábado, das 10h30 às 13 horas. Galeria Marília Razuk. Avenida 9 de Julho, 5.719, tel. 3079-0853. Até 10/4. Inaugura amanhã (13) às 20h.

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