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Geração Buena Vista sofreu desfalques

Por Jotabê Medeiros
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O cantor Compay Segundo (codinome de Francisco Repilado) morreu em 2003, aos 95 anos. Era a alegria em pessoa. No mesmo ano, morreu aquele que talvez seja o grande esteta cubano do século 20, don Rúben González, aos 84 anos. Em 2006, foi-se o cantor Pío Leiva, aos 88 anos. Ironia do destino: no mesmo ano, aos 46 anos, um enfarte matou o Rei das Congas, Miguel "Angá" Diaz. Todos desfalcaram aquele conjunto que, em 1997, assombrou o mundo com uma música que, como um diamante reluzente, parecia ter ficado intocada em algum recanto do universo e subitamente saído do refúgio para iluminar a música contemporânea.Era o Buena Vista Social Club, uma seleção de alguns dos melhores músicos de diferentes gerações da música cubana. As sessões de gravação viraram filme, a arqueologia realinhou as noções de influência na música popular mundial (o som que Cuba produziu nos anos pré-revolucionários estava vivo e vibrante) e os veteranos excursionaram pelo mundo. "Fazer música é como garimpar ouro", diz. "Você não sabe onde procurar, precisa se educar para conhecer o terreno e os músicos - é preciso admitir que não sabe nada, essa é a chave para achar o tesouro", disse ao Estado, em 1999, o guitarrista norte-americano Ry Cooder, o artífice daqueles encontros. Daquele grupo, estão ainda por aí, fazendo a canção cubana girar, os notáveis Eliades Ochoa, Omara Portuondo, Manuel Guajiro Mirabal, Barbarito Torres. Ao mesmo tempo, houve uma notável reposição de peças: no lugar que era do insubstituível Rúben González, surgiu o gênio Roberto Fonseca. "É um dos maiores talentos do piano de Cuba", derrete-se Barbarito Torres.

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