24 de outubro de 2010 | 00h00
Autor de poemas depurados, que buscam novos ritmos, Gelman foi o representante dos escritores de seu país no pavilhão em homenagem à Argentina, organizado em Frankfurt. Uma escolha natural, por conta de sua importância. Alçado à condição de clássico por autores como Julio Cortázar e o uruguaio Eduardo Galeano, ele participou de debates nos quais relembrou tempos tortuosos.
O golpe militar de 1976 o tornou maldito e proibido, obrigando-o a buscar refúgio primeiro na Itália. Foi distante que acompanhou a prisão do filho e da nora, que estava grávida. Não conseguiu mais notícias do casal e somente anos depois descobriu a neta, que vivia no Uruguai. "Foi uma ditadura sanguinária, que comprovou que, sem justiça e sem verdade, não é possível construir uma sociedade", disse ele a uma plateia atenta.
Gelman lembrou ainda como enveredou pela poesia, opção tomada ainda jovem e inspirada em Pushkin. "Eu não entendia que demônios ele estava me dizendo, mas a música de suas palavras repercutia dentro de mim." Assim, tornou-se obcecado pela poesia, devoção que sempre marcou sua obra. "Seus versos são como relógios que nunca dão a hora certa, mas outra, fora de qualquer tempo", observa Eric Nepomuceno, que traduziu, em 2001, Amor Que Serena, Termina? (Record), primeiro livro de poemas de Gelman a chegar ao Brasil, ainda disponível em algumas livrarias.
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