Gao Xingjian vive na França desde 1987

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Por Agencia Estado
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Diante da academia sueca, que em Gao Xingjian premiou o primeiro autor do mandarim, a língua do país mais populoso do planeta, o autor de origem chinesa afirmou que "o escritor é um homem comum, talvez seja apenas mais sensível, e os homens mais sensíveis são sempre mais frágeis". La Raison d´Être de la Littérature (A Razão de Ser da Literatura), discurso proferido por Gao na academia sueca, também foi publicado na França, com uma longa entrevista concedida pelo chinês. Além de uma análise sobre o que acredita dar sentido à literatura, esse ensaio é uma defesa de uma arte que não se deixe contaminar pela vida política. Gao, que também é pintor, deixou a China em 1987 e se desligou formalmente do PC chinês em 1989, após o Massacre da Paz Celestial. É um dissidente, e a premiação recebida por ele foi criticada por escritores chineses ligados ao Partido Comunista. Na sua justificativa para a concessão do mais importante prêmio da literatura mundial, os suecos afirmaram que "seu magistral romance A Montanha da Alma é uma dessas raras criações literárias que não parecem poder ser comparadas a nada a não ser a elas mesmas". O livro comporta impressões de distantes regiões do sul e do sudoeste da China, que permitem ao homem refletir sobre a própria existência. Ainda segundo a própria academia sueca, na obra de Gao, "a literatura renasce do combate do indivíduo pela sobrevivência à história das massas. Ele é um espectador céptico e lúcido sem pretensão de poder explicar o mundo". Para Gao, "a utopia de um novo mundo que erradicasse o antigo" também se fez sentir na literatura, "transformando em campo de batalha o que era um jardim da criação". "Os atos humanos são tão inexplicáveis, o homem mal compreende a si mesmo, a literatura não passa da observação do homem por ele próprio, e quando o homem se examina, germina um pouco de consciência que o ilumina."

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