Galeria SP expõe gravuras européias

São obras de 16 artistas de períodos, correntes, técnicas e propostas diferentes. Surpreendentemente, o que mais chama a atenção é uma delicada aquarela de Auguste Rodin

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Por Agencia Estado
Atualização:

Reunir em uma exposição trabalhos que se encaixam no título "gravuras européias" abre um leque extremamente amplo de coleções e leituras. O conjunto proposto pela galeria São Paulo sob esse título é assim: traz obras de 16 artistas de períodos, correntes, técnicas e propostas diferentes, que acabaram nas mãos dos colecionadores Paulo Figueiredo e Regina Boni, principalmente pelas levas desse tipo de trabalho chegadas ao Brasil durante as Bienais de São Paulo. "São, principalmente, atitudes diferentes", acrescenta Figueiredo, que escolheu vários dos trabalhos de sua coleção pessoal e de outras coleções particulares. A montagem da mostra não pretende inventar um tema em comum. Criações como os geometrismos coloridos de Jacob Bill e a Máscara de Bernard Buffet estão organizadas para melhor servir aos olhos do espectador. O critério de exibição foi exclusivamente o da visibilidade. Por essa razão, o expressivo e grande rosto de Buffet ocupa a parede oposta à entrada da galeria, de forma que o visitante é recebido no local pelo impacto da face, que pode ser interpretada como um espelho, uma imagem que reflete um passado sombrio. Entretanto, há um dado que, de uma certa forma, costura as criações desta exposição. Quase todas elas são exemplares de gravuras feitas por artistas consagrados pela sua pintura ou escultura. Diferentemente do que ocorre no Brasil e na maior parte dos paises latino-americanos, a gravura foi muito utilizada como uma linguagem secundária de grandes artistas europeus. O que deixou os organizadores completamente à vontade para incluírem uma pintura no meio da exposição, uma delicada aquarela de Auguste Rodin, que, de acordo com o marchand, está chamando mais atenção do que qualquer gravura da mostra. Pela sutileza das cores e formas, a fotografia da tela não ficou com qualidade suficiente para ser reproduzida no catálogo. O único gravador por excelência do recorte é o francês (nascido nos Estados Unidos) Henri Goetz. Dele, a galeria expõe cinco criações, dispostas em grupo. Algumas delas trazem a técnica do carborundum, criada e desenvolvida pelo artista plástico, que influenciou a produção de colegas como Juan Miró. Uma carta do pintor ao gravador, reproduzida na exposição, atesta essa influência. No texto, de 1967, Miró conta que a utilização da técnica de Goetz apresenta "resultados apaixonantes e muito lindos". "O artista pode assim se expressar com maior liberdade e riqueza, conseguindo uma matéria linda e uma maior segurança no traço", descreveu. A exposição tem trabalhos de Antoni Tapies, Anton Petkov Vieira da Silva, Leonor Fini, Paul Bury, Recalti, Jan Hendrix, Malmedal, Adami, Alechinsky, Assar e Cuevas. Gravuras Européias. De segunda a sexta, das 10 às 20 horas; sábado, até 19 horas. Galeria São Paulo. Rua Estados Unidos, 1.456, tel. 3062-8855. Até 6/3. Abertura às 21 horas

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