Fundamental é mesmo Tom

Em noite de múltiplos vencedores, o Prêmio da Música Brasileira teve belas versões para clássicos jobinianos

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Por Roberta Pennafort e RIO
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O tributo da noite era a Tom Jobim, mas outros patrimônios nacionais foram homenageados no Prêmio da Música Brasileira, quarta-feira, no Rio. Cauby Peixoto, vencedor de dois prêmios (melhor CD e cantor na categoria canção popular, que abarca bregas e sertanejos), foi aplaudido de pé por todo o Teatro Municipal. A reverência se estendeu aos veteranos Monarco e Nelson Sargento, melhor cantor e melhor CD de samba, respectivamente. Cauby não foi o único a sair com dois troféus. Mario Adnet já chegou com os prêmios de arranjador e projeto especial garantidos, já que era o único indicado (foram 3 CDs lançados em 2012). "É muito bom ser premiado quando se está na contramão há tanto tempo, com músicas que não tocam no rádio", dizia Adnet, ao fim da cerimônia. "É o tipo de coisa que me motiva a continuar", acrescenta ele. Mais decotada do que de costume, Zélia Duncan, a cargo da apresentação da cerimônia junto com Adriana Calcanhotto, também teve sua dobradinha: foi escolhida como cantora e pelo seu CD na abrangente categoria pop/rock/reggae/hip-hop/funk). Como ela, João Bosco (cantor/CD de MPB), Moraes Moreira (cantor/CD regional), Caetano Veloso (cantor de pop/rock/reggae/hip hop funk e projeto visual) e o grupo Pau-Brasil (CD e grupo instrumental). Maria Bethânia venceu pela primeira vez como compositora - Carta de Amor, melhor canção de MPB, é dela com Paulo César Pinheiro -, além de cantora. Foi uma das ausências da festa, como Ivete Sangalo, que ganhou como melhor cantora na canção popular, e Gal Costa, que cantaria Se Todos Fossem Iguais a Você, ficou sem voz e foi substituída de última hora por Ney Matogrosso. O cantor fez o último e memorável número de um show de apresentações poderosas - a transmissão será domingo à noite na TV Globo, depois do Domingo Maior -, que mexeram com a plateia de artistas. O repertório cheio de afeto de Tom Jobim foi entregue a vozes familiares, como Nana Caymmi, devastadora em Por Causa de Você, Rosa Passos, impecável em Inútil Paisagem, e Leny Andrade, que defendeu a sincopada Brigas Nunca Mais num medley de bossa nova com Leila Pinheiro (Desafinado) e Tulipa Ruiz (Garota de Ipanema). João Bosco deu sua versão bem pessoal a Dindi. Mônica Salmaso emocionou na densa Derradeira Primavera e a dupla de portugueses Carminho e Antônio Zambujo dividiu um Sabiá acrescido da melancolia do fado. Mais uma ovação. Em seguida, viria a louvação a Sargento e Monarco, em seu quarto prêmio aos 79 anos. "É uma vitória da vida, acalenta o coração da gente. Não sei se prêmio ajuda a vender CD, mas o dinheiro não é tudo. A gratificação vale mais."Múltiplo. Faz 60 anos a estreia em disco do jovem que viraria arranjador, músico, compositor brasileiro de maior projeção internacional. Ano que vem sua morte completa 20 anos. Mas a família não tem nada pensado para marcar a data. "Não pensamos nas datas redondas. Quanto mais o tempo passa, mais vêm as homenagens, e isso é muito bom", dizia a viúva, Ana Jobim, ao chegar, acompanhada da filha Maria Luiza. No palco, apresentaram-se o primogênito, Paulo Jobim, com o filho, Daniel. Na plateia, estava também a filha Elizabeth. A cerimônia lembrou o homem da praia e da mata, da Tijuca e de Nova York. O Tom de Aloysio de Oliveira, de Dolores Duran, de Newton Mendonça e de Vinicius de Moraes.

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