Fuentes opina sobre a política de seu país

Ao lançar seu mais novo romance Instinto de Inês em Madrid, o escritor mexicano falou mais de política do que de literatura, defendendo a criação de um partido social-democrata em seu país

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O escritor mexicano Carlos Fuentes defendeu nesta segunda-feira a criação em seu país de um novo partido social-democrata formado pelo "melhor" do Partido Revolucionário Institucional (PRI) e do Partido da Revolução Democrática (PRD). Fuentes, que falou mais de política do que de literatura durante o lançamento de seu mais novo romance na Espanha, Instinto de Inês, que foi lançado primeiramente no México, em abril. Fuentes disse que "como cidadão eu gostaria de ver em meu país, um partido de centro - direita como o Partido de Ação Nacional (PAN) e de esquerda um partido social-democrata semelhante ao PSOE espanhol, ao Partido Socialista francês e ao partido Social-democrata alemão". Ele disse que o futuro do PRI é um enigma após a histórica derrota nas eleições de julho passado, quando perdeu a presidência pela primeira vez desde sua fundação em 1929. Francisco Labastida, candidato do PRI, foi derrotado pelo atual presidente, Vicente Fox, do partido conservador PAN. "Temos passado de um regime autoritário a outro, o que requer autoridade democrática", disse Fuentes, acrescentando que a mudança vivida pelo México só foi possível graças ao movimento de toda a sociedade mexicana." Direitos indígenas - A respeito da lei sobre direitos indígenas estabelecida pela administração de Fox, o autor de Aura e Os Anos de Laura Diaz disse que o presidente havia agido "com coragem e decisão" ao colocá-la à frente de suas prioridades. O escritor disse que o problema de Chiapas não estava nos cidadãos e sim nas estruturas sociais e econômicas, porque "poucos têm muito e muitos não têm nada", o que requer uma "reforma geral". "O grande valor histórico do subcomandante Marcos foi chamar atenção para o problema", disse Fuentes. Intelectuais - O papel dos intelectuais na América Latina mudou radicalmente, porque já não temos mais que "dar voz a quem não tem", mas manter a linguagem e a imaginação vivas", disse o escritor. Fuentes definiu seu novo romance como uma "história de amor". Relacionou o tema central de sua obra com as necessidades atuais e futuras da sociedade. "Quando falamos de amor, falamos do mais íntimo de uma pessoa, de um amor social, quase político, que é o amor aos outros, a solidariedade", comentou. Instinto de Inês, obras inspirada no compositor francês Hector Berlioz, é uma história de amor tardia entre dois apaixonados pela música, uma cantora e um diretor de orquestra, na qual o autor tenta captar o ritmo de uma ópera.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.