Franceses encerram mostra de dança

Companhia Maguy Marin, em turnê pelo País, apresenta neste sábado no Sesc Vila Mariana Quoi Qu´il en Soit, fechando a Mostra Internacional Sesc de Dança

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Por Agencia Estado
Atualização:

Esta é a segunda vez que a Compagnie Maguy Marin está em turnê pelo País. A coreógrafa, que dá o seu nome à companhia, é considerada uma das mais importantes criadoras de dança contemporânea da atualidade e traz ao público brasileiro o recente trabalho de seu repertório: Quoi Qu´il en Soit. A peça, que será mostrada neste sábado à noite, encerrando a Mostra Internacional Sesc de Dança, já foi apresentada no Panorama RioArte de Dança e percorre outros Estados com apoio da Aliança Francesa. Quoi Qu´il en Soit ("O que quer que seja") parte da experiência pessoal e da memória dos intérpretes, que são a matéria-prima do espetáculo. A coreografia fala sobre cinco indivíduos que se encontram em um determinado local e época, no entanto, sem um motivo em comum ou com a intenção de criar uma história. Todos os trabalhos de Maguy Marin são marcados pela influência do teatro e pela criação tão perfeita quanto uma partitura musical. Por sinal, a musicalidade é uma constante nas coreografias e a criadora tem intensificado a sua pesquisa nesse sentido. A teatralidade pode ser percebida em May B, de 1981, uma coreografia inspirada em Beckett. Quoi Qu´il en Soit, de 1999, vai em direção às questões existenciais do artista. Filha de refugiados espanhóis, Maguy, além do herdar o gosto pela música, sempre está em sintonia com as questões sociais e políticas. Para se ter uma idéia de seu engajamento político, ainda adolescente se filiou ao Partido Comunista francês. Não faz uma arte de combate, mas costuma utilizar essas questões como tema. Em 1995, ao lado de Ariane Mnouchkine, Maguy fez greve de fome para pressionar autoridades francesas a tomar uma atitude com relação aos abusos cometidos pelos sérvios. História - Na década de 70, Maguy Marin participou da Escola Mudras, de Maurice Béjart, em Bruxelas, na Bélgica. A partir de 1973, com a brasileira Célia Gouvêa e outros artistas, fundou um grupo chamado Chandra, que tinha como objetivo abrir espaço para várias expressões artísticas, como a música, o circo e o teatro. Textos e ruídos auxiliavam na composição das criações. Essa característica, de misturar várias formas de arte, Maguy leva para seus espetáculos, por isso não é de estranhar que bailarinos toquem instrumentos, ao vivo, nas apresentações de algumas coreografias. O canto também complementa sua obra. Em 1978, Maguy Marin e Daniel Ambash criaram o Ballet Théâtre de l´Arche e traçaram um caminho próprio para a sua dança. Com apoio do Ministério da Cultura da França, ela já criou mais de 20 coreografias e May B já foi apresentada mais de 400 vezes. Depois de permanecer 15 anos na Maison de Créteil, em janeiro de 98 a Compagnie Maguy Marin passou a fazer parte do grupo de 19 centros coreográficos distribuídos por Paris e se instalou no Centro Coreográfico Nacional em Rillieux-la-Pape. A idéia desses centros é criar pólos culturais e levar a dança a bairros periféricos. Por esse motivo, a trupe abre as portas do estúdio para a população local, onde também desenvolve um trabalho comunitário. May B continua sendo uma das principais peças do repertório da companhia. A criação apresenta os principais traços da coreógrafa, na qual os movimentos se fundem com som, ritmo e textos. Inspirada no trabalho de Samuel Beckett, Maguy mostra a dificuldade da vida em grupo. A idéia é desenvolver o movimento, buscando, assim, um ponto de encontro entre a gestualidade do teatro e a linguagem coreográfica da dança. O público do Rio, no Panorama RioArte de Dança, já conferiu May B e Quoi Qu´il en Soit. Amanhã, a companhia encerra a programação da Mostra Internacional de Dança em São Paulo e dará seguimento a sua turnê pelo País. Apresentações - Na terça-feira a trupe fará uma apresentação em Florianópolis, no Teatro do CIC. Nos dias 3 e 4, a apresentação está marcada para Curitiba, no Centro Cultural Teatro Guaíra. Em seguida, os bailarinos voltam a São Paulo para mostrar o espetáculo em Campinas, no dia 7, no Teatro Municipal Castro Mendes; e em Santos, no dia 10, no Teatro do Sesc Santos. Dessa vez, a companhia veio sem a sua coreógrafa. Maguy Marin sofreu um pequeno acidente e o médico a aconselhou a não vir ao Brasil. Mesmo assim, a trupe veio ao País. No Rio de Janeiro, os bailarinos contaram com o apoio da brasileira Denise Namura, da Cie. à Fleur de Peau. Cia. Maguy Marin - Participa da Mostra Internacional Sesc de Dança. Hoje, às 21 horas. De R$ 7,00 a R$ 15,00. Teatro do Sesc Vila Mariana. Rua Pelotas, 141, tel. 5080-3000.

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