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Fotógrafo lança livro com imagens sobre jazz

Caminhos do Jazz do brasileiro Jefferson Mello documenta a diáspora do gênero pelo mundo todo, dos templos aos inferninhos

Por Agencia Estado
Atualização:

Jefferson Mello, carioca de 44 anos, é fotógrafo de moda e publicidade. Em meados dos anos 90, o extinto Free Jazz Festival o convidou para um ensaio sobre jazz, para uma exposição que a mostra pretendia. Ele começou e desde então não parou mais. Passou os últimos dez anos fotografando, invadindo templos do jazz de Los Angeles ao Leste Europeu, passando pelas ruas de New Orleans e as estações de metrô de Nova York. Foi ao funeral de Charles Bolden e ao show de Nicholas Payton. O resultado, mais de 4 mil imagens, foi editado e reunido por Mello no livro Caminhos do Jazz (R$ 160), e impressiona: lembra o trabalho dos grandes fotógrafos do jazz dos anos de ouro do gênero. Não há registro, no Brasil, de um trabalho semelhante. Atual diretor do Botafogo de Futebol e Regatas, o fotógrafo correu mundo com uma Pentax e uma Nikkon 35 mm. E não pensa em parar. "Minha idéia é voltar a essas cidades e procurar todos os músicos que fotografei, ver o que aconteceu a eles", conta Mello. "Já gravei parte do trabalho em VHS e digital vídeo. Após o retorno, farei um documentário". Jefferson também foi aos templos de Rio e São Paulo, e diz que é perfeitamente possível de fato ouvir bom jazz fora dos seus nichos sagrados, como Nova York, New Orleans, Los Angeles. "Existem boas cidades fora essas três. Não é uma crítica destrutiva, mas em Tóquio, por exemplo, considero os músicos frios e muito presos às partituras. Isso dificulta na hora de fotografar, porque eles sempre deixam o instrumento em sua frente. Já em Praga, é impressionante notar a influência que eles têm da França", disse. Em Cuba, Jefferson conta que "adotou" uma garotada de excelentes músicos, coisa que, na Ilha, parece nascer em árvore. "O que eu concluo é que existe bom jazz no mundo inteiro, mas obviamente, nos Estados Unidos, o clima e a atmosfera são incomparáveis". Foi também a Santiago, Chicago, Tóquio, Moscou. Nos países do Leste Europeu, os músicos que viveram na Cortina de Ferro desenvolveram apurado gosto para a música instrumental, incluindo o jazz, única forma na qual podiam se expressar sem risco de censura. Mello salienta que não tentou fazer um livro "didático" sobre o jazz, daí a pouca preocupação em identificar todos os músicos que aparecem nas fotos - alguns anônimos, outros bem conhecidos. Foi ao Bourbon Street Music Club, em São Paulo, e ao Mistura Fina, no Rio. Dos anônimos cuja imagem ele capturou, pelo menos um já se tornou famoso: a trompetista alemã Sarah Kramer, bonitona como Diana Krall, que vive em New Jersey. "Quando fiz o seu ensaio em 1996, ela era garçonete e soube que já está tendo uma bela carreira em Los Angeles", disse o autor.

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