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Fórum traz as palavras de um ativista

Nobel de Literatura em 1986, o nigeriano Wole Soyinka participa de encontro sobre educação em Belo Horizonte

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Por Ubiratan Brasil
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O nigeriano Wole Soyinka não é homem de meia palavra - dramaturgo, ele ganhou o Nobel de Literatura de 1986, tornando-se o primeiro afrodescendente a receber o prêmio da área. O reconhecimento não veio apenas por um texto que, para muitos, é o melhor do teatro africano contemporâneo. Também pelo decisivo envolvimento político, especialmente na luta pelos direitos humanos em seu país. Por conta dessa ativa carreira, Soyinka é um dos principais convidados do 4º Fórum de Comunicação e Sustentabilidade, que acontece nos dias 26 e 27 em Belo Horizonte.O tema do encontro será O Futuro da Educação e a Educação do Futuro, assunto que norteia suas palestras. "Eu me considero um humanista", comenta ele, em entrevista por e-mail ao Estado. "Isto significa que a condição humana é o ponto de referência para a minha concepção do universo e dos fenômenos em geral e, portanto, forma o meu pensamento. Não que o universo seja dependente da humanidade, não - ele, simplesmente, pode ser mais significativamente apreendido por meio das faculdades que definem a humanidade."Próximo dos 77 anos (completa em julho), Soyinka participou de momentos decisivos da Nigéria. Em 1967, durante a Guerra civil, foi preso pelo governo e mantido em confinamento solitário por suas tentativas de mediar a paz entre os partidos em guerra. Na prisão, Soyinka escreveu poemas que logo comporiam o volume Poems from Prison. Liberado 22 meses depois, quando se formou uma conscientização internacional sobre a sua situação, ele recontou a sua experiência no isolamento em um livro, The Man Died: Prison Notes.Influências. "Escritores sofrem inspirações diversas", comenta. "Há quem seja influenciado por tudo que tenha lido, peças de música provocam respostas diversas dentro de cada um, influência pela arquitetura que é um verdadeira obra de imaginação e de compatibilidade, e até por vinhos que nutrem de sutileza e cuidado. Mas eu, inversamente, não fui influenciado por nenhum dos anteriores. Sou um escritor que nasceu na cultura iorubá, mas carrega um passaporte nigeriano."Questionado sobre as desvantagens de ser africano no mundo atual, Soyinka é taxativo: "Ser humano hoje em dia é uma desvantagem nesse planeta, largamente controlado por anti-humanos. E a África entra em cena só porque parece ter uma densidade desproporcional de tais tipos".O fórum em Belo Horizonte poderá ser acompanhado ao vivo pela internet, pelo site http://comunicacaoesustentabilidade.com/ivforum.QUEM ÉWOLE SOYINKAESCRITOR E DRAMATURGONasceu em 13 de julho de 1934, de origem iorubá em Abeokuta, Nigéria. Trabalhou no Royal Court Theater, em Londres ao mesmo tempo em que participava da política nigeriana. Durante a ditadura do General Abacha, exilou-se nos EUA, só voltando em 1999, com o governo civil.

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