Fórum das letras inspira-se nos escritos da áfrica

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Por Ubiratan Brasil
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A presença africana é marcante na mineira Ouro Preto, especialmente por ser uma cidade essencialmente erguida pelas mãos dos escravos. Foi esse detalhe que inspirou o tema do 6.º Fórum das Letras, que começa hoje e estende-se até segunda-feira, com a participação de escritores de língua portuguesa, notadamente da África."O português é a quarta língua mais falada do mundo, mas a literatura produzida nos países lusófonos ainda não é muito difundida no mundo nem mesmo nos próprios países de língua portuguesa dos três continentes", comenta Guiomar de Grammont, diretora do Instituto de Filosofia, Artes de Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto e coordenadora do Fórum. "Além disso, os países de língua portuguesa da África, assim como o Brasil, viveram a colonização e possuem problemas, questionamentos e expectativas semelhantes aos nossos. Por isso, é tão importante o diálogo entre essas nações e o conhecimento mútuo de suas realidades e manifestações culturais."Entre os nomes confirmados, está o do português Luandino Vieira, autor de A Cidade e a Infância (Companhia das Letras), livro publicado em 1957 que provocou uma ruptura da linguagem por apresentar um espaço social e humano especificamente angolano, ou seja, a representação do mundo subdesenvolvido dos musseques (bairros pobres), onde o autor foi criado. Com isso, ele propunha desestruturação do português colonizador para a estruturação de uma nova língua, a oral.Luandino participa amanhã de uma mesa intitulada Imagens da África, ao lado do brasileiro Alberto da Costa e Silva (um dos maiores conhecedores de assuntos culturais africanos do País) e do angolano João Melo que, por sua vez, terá outro encontro, agora na USP, às 10 horas do sábado, com o conterrâneo Pepetela. Os escritores vão tratar de seus respectivos livros: Filhos da Pátria (Record), uma coletânea de dez contos, situados em sua cidade natal em tempos distintos, que têm como temática principal os filhos do território angolano e seus complexos destinos; e Jaime Bunda (Record), obra de estreia de Pepetela no gênero policial.O Fórum das Letras contará ainda com os moçambicanos Mia Couto e Paulina Chiziane, a primeira mulher moçambicana a publicar um romance, e outros angolanos como Ondjaki, Carmo Neto, Adriano Botelho e João Maimona. O grupo de brasileiros também é representativo e conta com Ferreira Gullar, Alberto Mussa, Marina Colasanti, Laurentino Gomes, Décio Pignatari, Daniel Galera, Rafael Coutinho, João Paulo Cuenca, Ronaldo Correia de Brito e Affonso Romano de Sant"Anna, entre outros.

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