Florestas inspiram pintura de José De Quadros

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Por Agencia Estado
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O Museu Lasar Segall abre sábado a mostra de pinturas de José De Quadros intitulada Florestas, com 22 telas realizadas entre 1996 e este ano. O tema das pinturas reunidas nessa exposição foi achado "inconscientemente" há cerca de 20 anos, quando De Quadros visitou uma mostra de obras de Lasar Segall no Rio de Janeiro e ficou intrigado com o desenho Floresta com Troncos Espaçados, de 1955. A partir disso, o artista sempre se ocupou de pintar as florestas, um trabalho produzido concomitantemente com suas outras produções. De Quadros vive em Kassel, na Alemanha, há 13 anos. Como conta o artista, a cidade é rodeada de florestas. "O tema faz parte do meu cotidiano", diz. Entretanto, De Quadros nunca pinta in loco, mas sempre a partir de fotografias de seu vasto arquivo, que reúne tanto imagens captadas há décadas quanto as mais recentes, feitas pelo próprio artista. Por exemplo, há uma tela em que predominam os tons amarelos, baseada em uma fotografia de 22 de outubro de 1943, o dia em que Kassel foi bombardeada pelos ingleses. "Pesquisei muito sobre o 22 de outubro e descobri que foi um dia muito bonito e era como se aquilo não pudesse acontecer", conta. De Quadros afirma que as fotografias nas quais se baseia nunca são expostas e que funcionam, na verdade, como rascunhos para suas telas. Suas florestas são feitas com várias camadas de tinta e, por isso, muitas caminham para o desprendimento da figuração. De Quadros afirma que esse é o motivo de suas obras exigirem muito do espectador. "Elas não funcionam de impacto, elas têm uma temporalidade, demora para a retina se acostumar." Sobre as cores, geralmente são o preto e o branco e o cinza. "A Alemanha é um país escuro", diz. Uma das obras citadas por ele é a floresta acinzentada feita a partir do poema de Heinrich Heine intitulado Sombrios Tornaram-se os Dias. Outra característica é a ausência de figuras humanas. Segundo De Quadros, suas florestas provocam "fascínio e repúdio", pois, em um primeiro olhar, parecem naturais, mas, na verdade, foram todas planejadas. "Na Alemanha é tudo muito organizado e é uma beleza artificial. Nas florestas não aparecem seres humanos porque elas foram feitas por seres humanos", diz. José De Quadros. De terça a sábado, das 14 às 19 horas; domingo, das 14 às 18 horas. Museu Lasar Segall. Rua Berta, 111, em São Paulo, tel. (11) 5574-7322. Até 9/12. Abertura amanhã, às 14 horas.

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