Já se tornou uma agradável rotina a Flip terminar na tarde de domingo com um encontro entre um grupo seleto de escritores, que revelam o título de seu livro de cabeceira. Enquanto alguns revelam paixões duradouras, outros preferem apontar o preferido de ocasião. Interrogação na carreira do escritor O americano Jonathan Safran Foer foi o primeiro e escolheu a "Bíblia", mais especificamente o Livro do Gênese. "Gosto do trecho em que Deus cria a luz apenas utilizando as palavras, com o poder criador do verbo", justificou. Já a escocesa Ali Smith sacou o livro "Short, Short", que reúne os contos mais curtos do mundo, para ler "Depois do Teatro", de Chekhov. O português Mário de Carvalho fez uma intensa explanação sobre o Padre Vieira, de quem escolheu O "Sermão de Santo Antônio aos Peixes". "São várias razões, mas especialmente pela interrogação que se põe na carreira do escritor", disse. O americano Edmund White não surpreendeu ao citar "Em Busca do Tempo Perdido", de Proust, do qual escreveu a biografia Representando os brasileiros, Adélia Prado citou "A Transparência do Mal", de Jean Baudrillard ("Padecemos de horror à realidade: só a virtual nos interessa"). O encontro terminou com o inglês Benjamin Zephaniah, que escolheu "Filosofia e Opinião", de Marcus Garvey, e com o mexicano David Toscana e "A Metamorfose", de Kafka.