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Flip deste ano receberá ganhadores do Nobel e do Pulitzer

Nadine Gordimer E J.M. Coetzee estão entre os grandes nomes do evento

Por Agencia Estado
Atualização:

VOs caminhos da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) definitivamente já cruzam com os do Prêmio Nobel - depois da presença, no ano passado, de Toni Morisson (vencedora em 1993), a edição de 2007 contará com os sul-africanos Nadine Gordimer (contemplada em 1991) e J.M. Coetzee (2003), tornando ainda mais sofisticada a quinta edição, que ocorre entre 4 e 8 de julho. A presença de Nadine e Coetzee vai permitir uma discussão em alto nível sobre a situação da África do Sul, ainda que ambos não venham diretamente com essa intenção - Coetzee, por exemplo, fará uma palestra sobre Samuel Beckett. Mas, inevitavelmente, esse deverá ser o tom das perguntas da platéia. Afinal, depois de ganhar fama passando em revista os males do apartheid, eles agora descrevem uma sociedade livre que gerou barbaridades dentro de si mesma. Juntos, apresentam um retrato assustador e cruel da democracia pós-apartheid. Tema forte A atualidade, aliás, continua como um dos tópicos mais fortes da Flip. A guerra será um dos temas debatidos e contará com a participação de dois especialistas na área: os jornalistas Robert Fisk, do The Independent, que cobre o assunto há mais de 30 anos, e Lawrence Wright, da New Yorker. Fisk vai lançar na Flip, pela Editora Planeta, A Grande Guerra pela Civilização - A Conquista do Oriente Médio. Lawrence é autor de sete livros e o último, O Vulto das Torres - A Al-Qaeda e o Caminho até o 11/9 (Companhia das Letras), venceu, na segunda-feira, o Pulitzer de melhor não-ficção do ano passado. A obra mostra pela primeira vez os bastidores da história que culminou como os ataques terroristas de 2001, revelando a origem das concepções radicais islâmicas, o nascimento da Al-Qaeda e as desavenças entre os órgãos de inteligência americanos. O assunto também vai rondar a palestra do israelense Amós Oz, que tem uma importante atuação política no conflito Palestina-Israel, além de ser um dos grandes incentivadores da criação de uma Estado palestino. Escritores latinos A situação latino-americana também terá amplo espaço, graças à presença dos argentinos Alan Pauls (autor de El Pasado, a ser publicado pela Cosac Naify e que chegará ao cinema pela direção de Hector Babenco), César Aira (um dos mais importantes nomes da literatura portenha atual, autor de As Noites de Flores, editado pela Nova Fronteira) e Rodrigo Fresán que escreveu Jardins de Kensington (Conrad), um flerte com a cultura pop dos anos 1960. O grupo será encorpado pela presença do mexicano Guillermo Arriaga, famoso pelos roteiros de filmes como Babel, Amores Brutos, 21 Gramas e Três Enterros, em que valorizou a relação entre tempo e espaço. Aqui, vai lançar seu último romance, Um Doce Aroma de Morte, pela editora Gryphus. Uma bem-vinda novidade na Festa Literária é a presença de quadrinista como Art Spiegelman, que foi editor da revista New Yorker. É de sua autoria o já clássico Maus, além de À Sombra das Torres Ausentes, também sobre os atentados terroristas em Nova York - mais uma voz para o debate político aual. Homenagem No ano em que Nelson Rodrigues será o homenageado, a Flip contará ainda com o inglês Will Self; William Boyd, escritor e roteirista escocês natural de Gana; o americano Dennis Lehane, autor policial que escreveu Sobre Meninos e Lobos, levado ao cinema por Clint Eastwood; o moçambicano Mia Couto, a egípcia Ahdaf Soueif e Ishmael Beah, nascido em Serra Leoa e autor de Bem Longe de Casa, que será editado pela Ediouro, livro de memórias em que ele conta como, aos 13 anos, serviu nas milícias armadas de seu país. Silviano Santiago, Augusto Boal e Chacal são alguns dos brasileiros também confirmados. "Acho que teremos uma das Flips mais fortes de todos os tempos", comenta Cassiano Elek Machado, que estréia como diretor de Programação do evento. A programação oficial deve ser anunciada até 8 de maio, quando também será divulgado o esquema da venda de ingressos para as mesas.

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