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Flertes de Sinisterra com teatro do Brasil

Dramaturgo espanhol é tema de mostra em SP, cidade que já ama

Por Maria Eugenia de Menezes
Atualização:

Quase brasileira. "Minhas obras já se impregnaram um pouco desse magnífico país", diz Sinisterra.     

 

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"Sou completamente indisciplinado", diz José Sanchis Sinisterra quando tenta explicar sua rotina de trabalho. "Posso conseguir escrever no metrô, mas não ser capaz de fazê-lo em um confortável escritório com vista para o bosque. O estalo também pode partir de uma notícia de jornal ou de um seminário de filosofia."

Fato é que a ausência de método parece funcionar e o autor profícuo, dono de quase meia centena de textos teatrais, continua a manter a média de lançar quase uma nova peça por ano.

Parte da vasta produção poderá ser vista a partir de hoje no Instituto Capobianco, em mostra que prevê espetáculos, leituras dramáticas e oficina para atores conduzida pelo próprio Sinisterra. De sua casa, em Barcelona, o dramaturgo conversou com o Estado e falou sobre sua crescente aproximação com o Brasil, as impressões sobre São Paulo e o futuro do teatro.

Existe um movimento de convergência de seu teatro com o Brasil? Existe uma crescente presença de minhas obras no teatro brasileiro. Vou muito ao Brasil, onde tenho muitos amigos, e creio que as minhas obras já se impregnaram um pouco desse magnífico país.

Qual a sua percepção sobre produção teatral de São Paulo? É uma das grandes capitais do teatro na América do Sul, ao lado de Buenos Aires e da Cidade do México. E digo não só no que se refere a qualidade e quantidade, mas também ao dinamismo inovador e à sensibilidade social. Porque esses são dois aspectos que muitas vezes seguem separados. Em muitas ocasiões, a pesquisa e a investigação seguem por um caminho esteticista, elitista, minoritário. Mas, em São Paulo, vimos também projetos de ressonância social muito interessantes.

E a cidade, que impressão lhe causou? Para ser sincero, senti-me um tanto aturdido com o trânsito, as distâncias, esse caos das grandes urbes. Mas devo reconhecer que, nas últimas semanas em que estive montando Flechas do Anjo do Esquecimento - fiquei no total um mês e meio na cidade - tive a impressão de encontrar recantos calmos, atrativos, humanos. Acho que estou começando gostar de São Paulo. Mas ainda é um amor infiel.

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Como será seu novo espaço teatral em Madri? Quero impregná-lo do muito que aprendi em minhas andanças pela América Latina. Um dos projetos é celebrar o centenário de Nelson Rodrigues, em 2012. Desde que fui apresentado à obra dele, no anos 1990, tenho estado encantado.

Como analisa a situação do teatro hoje? Crê que ele está ameaçado? O teatro não está mais ameaçado, por exemplo, do que o cinema ou a cultura em geral. O grande inimigo é o mercado, que banaliza e prostitui tudo em função do benefício econômico imediato.

E como uma arte tão artesanal pode sobreviver nesse contexto?

É disso justamente que as pessoas necessitam cada vez mais, desse encontro de dimensões humanas, sem a mediação de telas. É curioso mas, na Espanha, as estatísticas mostram, justamente, um aumento do numero de espectadores do teatro.

DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO

 

Hoje

21h Abertura da mostra, conversa com Fernando Peixoto e Georgette Fadel, seguida de leitura do texto Nhaque ou Sobre Piolhos e Atores. Amanhã e quinta

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21h Peça Ay, Carmela, com Velha CompanhiaSábado

21h Peça Bartleby, com Núcleo Caixa Preta

 

Quarta (16/6)

21h Palestra com José Sanchis Sinisterra e Christiane Jatahy, seguida de leitura do texto Diálogos com Molly Bloom, com Denise Fraga. Direção de Luiz Villaça

 

Quinta (17/6)

14h Oficina de dramaturgia com Sinisterra e oficina para atores com Christiane Jatahy

21h Leitura do texto Vagas Notícias do Klamm (inédito no Brasil), com Patrícia Gordo. Direção de Christiane Jatahy.

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Sexta (18/6)

21h Leitura do texto Perdida nos Apalaches, com Cia. Arte Ciência

 

Sábado (19/6)

14h Oficina de dramaturgia com José Sanchis Sinisterra e dramaturgia para atores com Daniela de Vecchi

21h Palestra com a fotógrafa Lenise Pinheiro, seguida de leitura de Recortes Pessoais de um Teatro, de Marcio Freitas.

 

Segunda (21/6)

21h Leitura do texto Valeria e os Pássaros (inédito no Brasil), com Alejandra Sampaio. Direção de Kiko Marques.

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Terça e quarta( 22 e 23/6)

21h Apresentação da peça Flechas do Anjo do Esquecimento, com Cia. das Magnólias. Direção de José Sanchis Sinisterra

 

Sábado (26/6)

21h Apresentação do monólogo Vacío (inédito no Brasil), com o ator Mario Vedoya. Direção de José Sanchis Sinisterra.

 

Domingo (27/6)

19h Apresentação de Vacío e encerramento

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