Flavio Samelo

Cresceu no Jaçanã, começou fotografando a cena skate paulistana, viajou o mundo e hoje se inspira no concretismo para criar seus painéis

PUBLICIDADE

Por Flavia Guerra
Atualização:

Você começou fotografando a cena skatista, pichadores e grafiteiros paulistanos nos anos 90. E conquistou seu espaço internacional como fotógrafo e artista plástico. Hoje, como define seu modo de olhar este movimento?

Na verdade, acho que ser paulistano é poder pertencer a muitos lugares. Já viajei muito. Houve fases em que voltava, refazia a mala e viajava de novo. Isso dá uma visão plural da vida.

As linhas que se entrelaçam em suas telas ''denunciam'' que você cresceu em uma metrópole.

Totalmente. Viver em São Paulo interfere muito no grafismo do meu trabalho. Em cada grade, cada poste, cada muro, vejo uma inspiração. São Paulo nos faz ter uma visão critica. Mesmo Nova York, que tem tanta diversidade, não se compara em seus contrastes e nuances.

Foi por acaso que começou?

PUBLICIDADE

Era totalmente amador, fotos que fazia por paixão. Meus amigos grafiteiros começaram a ganhar espaço, como o Honesto, Kamau... A gente andava junto nas mesmas pistas de skate da "perifa". Eles eram muito bons e eu me sentia constrangido de não andar como eles. E inventei que podia tirar fotos. Eles as usavam em revistas que faziam matérias sobre eles. Eu não tinha técnica nenhuma. Mas esta "tosquice" casava com a estética street das revistas de skate.

E suas telas também têm tudo a ver com a cena urbana.

Publicidade

Sim. Comecei a pintar também por causa da cena do grafite da cidade. Comecei a desenhar para mim. Não mostrava para ninguém. E trabalhava como fotógrafo, diretor de arte de revistas de skate... Mandava cartas para revistas de cultura urbana que eu gostava no Japão, nos EUA, na Alemanha. E fui virando colaborador dessas revistas.

Como decidiu unir a História da Arte com o movimento skate?

Hoje tem tudo a ver, porque o grafite está também na moda, mas quando comecei não tinha nada a ver. Antes de fazer pós-graduação em História da Arte, estudei publicidade. Sentia falta de estudo mais profundo sobre arte para ter visão mais ampla.

Daí a influência das artes plásticas em suas fotos.

Minhas telas são inspiradas na pintura e não na fotografia. São os expressionistas, e suas cores fechadas, que tanto têm a ver com São Paulo, e os concretistas, que me interessam.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.