30 de novembro de 2012 | 11h05
A falta de brasileiros é, na leitura da organizadora do concurso, a pianista Lilian Barretto, reflexo da gradual redução nos investimentos em nossos jovens músicos. "Não faltam conservatórios, e sim nível artístico. Estão formando muitos professores e musicólogos, mas é preciso olhar para aqueles que vão virar solistas", alerta Lilian, ela própria alavancada por concursos do gênero. "Foi assim com todos que hoje estão na faixa dos 60 anos: ganhei concurso e fui para Varsóvia; o Nelson Freire, para Viena; a Linda Bustami, para Moscou."
Rolim, que vem de três concursos internacionais com colocações importantes, acha que o que falta aqui é o hábito de se fazer concursos. "Não gosto de competir, mas é sempre uma chance de testar conhecimentos", diz o músico de 26 anos. "Nunca houve uma geração de pianistas tão boa. O que não existe é a cultura do concurso no Brasil."
Mesmo cidades como Rio e São Paulo nunca tiveram tradição de competições internacionais de música. No Rio, em 2010 foi realizado pela primeira vez o concurso do BNDES, sendo que a edição anterior de um evento com este alcance, o que revelou Nelson Freire, fora em 1957. Em 2011, o concurso deu lugar a um festival que apresentou estrelas internacionais do piano. Agora, a disputa está de volta. Além do peso da banca (as escolhas serão feitas por nove jurados de renome mundial) e da manutenção do patrocínio do BNDES, os organizadores sabem que a regularidade é crucial para o evento ganhar credibilidade.
Baseados na Europa e nos EUA, os concursos de piano mais prestigiosos (Chopin, em Varsóvia; Tchaikovsky, em Moscou; Liszt, em Utrecht, na Holanda) impulsionam carreiras.
Os concorrentes do BNDES, que concorrem a R$ 215 mil em prêmios (1.º lugar ganha R$ 80 mil; o preferido do público, R$ 15 mil), foram selecionados, via DVD, por um júri formado por Lilian e os pianistas Linda Bustami e Gilberto Tinetti. Vindos de 12 países, tiveram que tocar Bach, Liszt e Chopin. A prova final e o anúncio do resultado será no dia 8, no Municipal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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