
29 de maio de 2012 | 10h42
"Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista" abre a 4.ª edição do In-Edit Brasil - Festival Internacional de Documentário Musical, quinta-feira no MIS. A sessão de abertura é só para convidados e terá show da Banda Isca de Polícia, um dos ícones daquela geração que fizeram a história do teatro. O filme terá mais duas sessões abertas ao público: sexta, às 17 h, no Cine Olido, e no dia 6 de junho, às 19 h, no Cinesesc.
Até pouco tempo atrás considerada referência da cultura de caráter underground e restrita a São Paulo, o Lira também escreveu parte da história do rock paulistano dos anos 1980 - o que poucos lembram e o filme ressalta agora. Bandas como Titãs (que começaram como Titãs do Iê Iê), Ultraje a Rigor, Cólera e Inocentes deram seus primeiros passos naquele porão e depois viraram sucesso nacional.
Riba de Castro, um dos sócios fundadores do Lira, conta que fez o filme nas mesmas condições precárias com que mantinha a casa, ou seja, com verba do próprio bolso, sem patrocínio nem distribuidora. Sem previsão para entrar em circuito comercial, o documentário deve ser exibido apenas em festivais.
A história é contada por seus mais importantes protagonistas e agregados frequentadores: os quatro sócios do teatro, que se desmembrou em gravadora e editora; Fernando Meirelles e Marcelo Tas, produtores independentes de vídeo que se tornaram nomes fortes do cinema e da televisão; o jornalista Mauricio Kubrusly, o cartunista Paulo Caruso e, principalmente, gente de música, como Arrigo Barnabé, Lanny Gordin, Cida Moreira, Mario Manga e Wandi Doratiotto (ambos do Premê), Suzana Salles, Roger (Ultraje), Luiz Tatit e Ná Ozzetti (Grupo Rumo) - que se reencontram esta semana em shows em São Paulo -, Nelson Ayres, Skowa, Laert Sarrumor (Língua de Trapo), entre outros.
Só faltou Itamar, que aparece em shows gravados em vídeo. "Tinha pressa em entrevistá-lo porque ele estava doente, mas infelizmente não deu tempo", lamenta Castro. "Mas consegui juntar muita gente. Ficou meio que uma conversa de bar, porque um começa e o outro continua." O Lira ganhou tanta credibilidade que, como lembram os artistas, muita gente ia lá até sem saber o que havia na programação: porque era um público aberto a novidades e sabia que se o cantor, músico ou banda estavam ali era porque deviam ser bons.
Os shows passaram a ficar tão concorridos que artistas como Itamar às vezes faziam duas ou três sessões na mesma noite. Com o crescimento, o Lira passou a promover grandes encontros, ocupando outros espaços, como a Praça Benedito Calixto, o Teatro Bandeirantes e até a Avenida Paulista, num aniversário da cidade. O que hoje é trivial, como a produção de discos independentes e os grafites, que se tornaram famosos no muro ao lado do teatro, foram marcas do pioneirismo do Lira Paulistana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
4º IN-EDIT BRASIL
Festival Internacional do Documentário Musical. De 1º a 10 de junho. Mais informações no site www.in-edit-brasil.com
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