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Filho de Fernanda Montenegro estréia na TV

A convite de Guel Arraes, Claudio Torres chega à Globo com Lira Paulistana, episódio de Brava Gente adaptado de texto de Mário de Andrade

Por Agencia Estado
Atualização:

Com uma adaptação de um texto de Mário de Andrade, o diretor da Conspiração Filmes Claudio Torres faz sua estréia na TV. Em abril ele iniciou as filmagens de Lira Paulistana, um episódio da série Brava Gente, no estúdio Renato Aragão, em Vargem Grande, na zona oeste do Rio. O programa vai ao ar nesta terça-feira, às 23 horas, na Globo. No elenco está a irmã de Claudio, Fernanda Torres, cuja personagem será brutalmente assassinada. Drica Moraes será a segunda vítima do serial killer interpretado por Matheus Nachtergaele. Selton Mello e Paulo Betti são os policiais que investigam o caso. Não parece, mas trata-se de uma comédia. "O Guel (Arraes) é um anjo que me deu esse trabalho de presente", diz Claudio Torres. Com 37 anos, dez deles vividos em função da Conspiração Filmes, o filho de Fernanda Montenegro e Fernando Torres contou que não tinha feito TV antes por "carregar a bandeira do cinema". Agora, ele diz ter vislumbrado uma oportunidade de trabalhar com película na TV. "Seria uma boa entrada no veículo", afirma. O convite do diretor de núcleo Guel Arraes chegou com o roteiro pronto, assinado por Alexandre Machado e Fernanda Yang. A dupla também assina a série humorística Os Normais, com estréia prevista para junho, na Globo. Além disso, Alexandre é redator da W/Brasil, a agência de publicidade para a qual Torres mais fez trabalhos. Segundo o diretor, o "pulo-do-gato" do programa foi a linguagem desenvolvida pelos roteiristas. "Não sei por que o Guel quis que eu fizesse especificamente este texto", diz Torres. "Mas agradeço todos os dias por isso." Do lírico ao terrível - O poema modernista de Mário de Andrade, Lira Paulistana, aparece salpicado ao longo do programa. E muito se aprenderá sobre modernismo enquanto se tenta desvendar o mistério dos crimes. Em uma São Paulo sombria, o serial killer Pedro seduz suas futuras vítimas pela linguagem. Com a primeira delas, ele só fala vogais. Com a segunda, apenas palavras proparoxítonas. O assassino, que não tem um dedo - e esta é uma informação-chave - comete o fatal erro de esquecer um livro na cena do crime. O policial Sardinha (Selton Mello) intui que a poesia concreta tem relação com os crimes, para descrédito do colega Guaraci (Paulo Betti). Será pela boca de Sardinha que o público terá noções sobre o movimento modernista. "O programa começa lírico, fica terrível, passa para o engraçado e termina poético", conta Torres. No elenco, estão também Maria Luiza Mendonça e Antonio Grassi que fazem os terríveis pais de Pedro que, quando menino, é interpretado por Gustavo Pereira. Com esse texto na mão, o diretor sugeriu que fosse feito em película de 16 mm. Isso porque ele está certo de que o cinema tem uma densidade de imagem que o vídeo e a TV digital não têm. "As lentes de cinema ainda são um relógio suíço, em termos de precisão", compara. Além disso, Torres admite que só sabe trabalhar com uma única câmera, para realizar um take de cada vez. Arraes comprou a idéia e Torres levou para a Globo parte de sua equipe conspiratória: o fotógrafo Adriano Goldman; o sonoplasta Jorge Saldanha; a assistente de direção Gabriela Gastal e seu produtor, Rômulo Marinho. "Tentamos juntar o melhor de dois mundos", diz Torres. "A Lira é uma experiência nova tanto para nós quanto para a Globo." Ele contou que seu receio inicial de ir para a emissora "desapareceu" quando ele começou a participar das reuniões. "Encontrei um apoio sem igual e um alto poder de produção", afirma. A Globo deu um mês para Torres preparar o programa e oito dias para as filmagens. O diretor considerou esse tempo "generoso", que lhe permitiu manter sua rotina de trabalho e desenhar pessoalmente todas as seqüências a serem filmadas. "Na Conspiração, também somos produtores e jogamos a favor da produção", diz ele. "Também lidamos com questões comerciais e aprovação de produto pelo cliente, semelhante às preocupações de uma emissora comercial." Com isso, Torres quis dizer que, sim, está preocupado em se comunicar bem com o público para que o programa tenha boa audiência. "Queremos audiência alta porque é isso o que garante a continuação da indústria audiovisual", afirma. "O cinema é uma forma de arte muito cara", continua. "Não dá para ficar falando para o próprio umbigo."

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