Filha de James Joyce foi musa de <i>Finnegan´s Wake</i>

Professora universitária compara romance com cartas entre o autor e Lucia

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Por Agencia Estado
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Uma musa mentalmente perturbada, Lucia, filha de James Joyce, foi a inspiração para a protagonista feminina, Anna Livia Plurabelle, de Finnegan´s Wake, o romance mais obscuro do grande escritor irlandês, segundo uma especialista na sua obra, a professora da universidade norte-americana de Stanford, Carol Schloss, que agora terá a chance de provar sua teoria graças a um acordo com os herdeiros de Joyce. Estes últimos aprovaram que a pesquisadora citasse em sua tese passagens do romance Finnegans´s Wake (1939) e trechos das cartas entre James e Lucia Joyce, que para Schloss provariam que a menina, que sofria de problemas mentais, foi a fonte de inspiração para o autor. No entanto, este material, segundo o acordo, estará disponível apenas nos Estados Unidos. Scholls tinha pedido há 16 anos para utilizar estes trechos para fundamentar sua tese segundo a qual Lucia, que nasceu em Trieste, na Itália, em 1907 e morreu em um manicômio, onde foi reclusa aos 28 anos, em 1982, foi a musa criativa do complicado texto escrito em "fluxo de consciência" de modo ainda mais impenetrável que Ulisses, romance considerado um marco da literatura mundial. Diante da negativa da família Joyce e de ameaças de processo, Schloss foi obrigada a publicar o volume Lucia Joyce: To Dance in The Wake (2003) sem estes trechos. A pesquisadora afirma, e agora terá a ocasião de provar, que lendo as cartas entre pai e filha e algumas anotações de Joyce nas quais fala sobre Lucia, o texto de Finnegan´s Wake fica muito mais claro. Schloss acredita que a obra seja "um retrato em código de uma verdadeira família", aquela de Joyce. Quando seu ensaio foi impiedosamente destruído pela crítica devido à falta de provas documentais, Schloss denunciou o sobrinho de Joyce, Stephen James Joyce, e o responsável pela fundação que detém os direitos, Sean Sweeney, acusando-os de terem destruído documentos e intimidado os pesquisadores. Agora o acordo parece agradar a todos, e, espera-se, esclarecer a obscura obra-prima de Joyce.

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