Festival vai debater literatura policial em São Paulo

Pauliceia Literária reunirá autores como Miguel Sousa Tavares, Valter Hugo Mãe, Scott Turow, Patricia Melo e Tony Bellotto em conversas sobre este e outros temas

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Por Maria Fernanda Rodrigues - O Estado de S.Paulo
Atualização:

A cidade de São Paulo acaba de ganhar mais um espaço para debater literatura. Entre os dias 19 e 22 de setembro, será realizada na sede da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), no Centro, a 1ª edição do Pauliceia Literária. Idealizado pela própria entidade em conversa com a escritora Patrícia Melo, o evento tem curadoria de Christina Baum, que já esteve na organização de encontros como a Flip e os festivais literários da Palestina e de Londres, e será aberto ao público em geral.Porque se trata de um projeto organizado por advogados, nada mais natural que o foco dos debates seja nos assuntos que lhes são caros. Patrícia Melo, uma das principais autoras brasileiras do gênero policial, será, claro, homenageada nesta edição. Ela fará a conferência de abertura, dará uma oficina literária exclusivamente para advogados e participará de outros momentos."Vamos homenagear uma autora que se caracteriza por uma literatura conectada com o direito, embora absolutamente desconectada do direito técnico. Seus personagens têm uma riqueza psíquica fantástica e ela lida com a mente do criminoso e com a figura do crime, e não há nada mais vinculado à advocacia do que a figura do crime", diz Luís Carlos Moro, diretor cultural da AASP e "leitor compulsivo" da obra de Patrícia, na apresentação do evento, em São Paulo. A programação, no entanto, não se restringirá a crime, suspense e mistério. Haverá mesas sobre ensaio e poesia, entre outros temas. Obras que têm São Paulo como cenário também estarão em pauta. Além de Patrícia, já estão confirmados os portugueses Miguel Sousa Tavares e Valter Hugo Mãe, o cineasta francês Philippe Claudel, o britânico Richard Skinner, os americanos Scott Turow e William Landay, o mexicano que vive no Brasil Juan Pablo Villalobos e os brasileiros Laurentino Gomes, Tony Bellotto, Alberto Mussa, Michel Laub e Maria José Silveira. Serão cerca de 25 autores e a programação completa deve ser divulgada em agosto.Algumas mesas criadas para esta edição devem se repetir nos eventos futuros. Advogado do Diabo reunirá um escritor e um advogado no debate de algum assunto polêmico. Shakespeare e a Lei terá um escritor, um advogado e um ator. Pauliceia Estilhaçada abordará livros que exploram o universo paulistano. Livros de Crime receberá autores de romances policiais e criminalistas. Advogado: Profissão Escritor dispensa explicação e terá, este ano, Scott Turow, advogado e autor de O Inocente e Erros Irreversíveis, ambos da Record. Lygia Fagundes Telles, uma das primeiras mulheres a se formar em Direito no País, será homenageada com uma mesa que levará seu nome e será composta por uma escritora e uma advogada. "Queremos criar o diálogo entre o direito e a literatura e estimular a troca cultural. A palavra é a ferramenta do advogado. Para ser um bom escritor, um bom orador, ele deve ser, também, um bom leitor", comenta Christina Baum.Nesta primeira edição, as mesas devem ser concentradas na sede da AASP, que tem um auditório para 350 pessoas. Há ainda três salas no prédio com capacidade total para outras 200 pessoas. De lá, será possível assistir as conversas por um telão. Quem não conseguir ingresso ou estiver longe poderá ver pela internet - o festival será transmitido ao vivo.Durante o evento, serão realizadas oficinas literárias. Além da que será ministrada por Patrícia Melo, outra terá o Richard Skinner, inédito no Brasil, como professor. Ele é diretor e professor da Faber Academy, tradicional oficina literária em Londres.Para preparar o público para o festival, serão realizados a partir de maio clubes de leitura na AASP e em outros locais, como a Livraria Cultura, parceira do evento. A agenda ainda será anunciada. O site http:// www.pauliceialiteraria.com.br já está no ar. Em breve, haverá uma versão em inglês. Os ingressos começam a ser vendidos em 19 de agosto, mas os preços ainda não estão definidos - associados, estudantes de terceira idade pagam meia. "A precificação depende da conclusão do nosso quadro. A julgar pelo tomate, podemos dizer o quão inseguro é hoje anunciar o preço de algo no País", brincou Luís Carlos Moro. A entidade não está usando leis de incentivo e bancará o evento com recursos próprios.

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