Festival português abre espaço para o teatro brasileiro

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Por Agencia Estado
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Há 25 anos, jovens diretores da cidade do Porto (Portugal) aproveitaram o sopro renovador da Revolução dos Cravos, que acabou com quase meio século de ditadura para criar o Festival Internacional de Expressão Ibérica (Fitei). Acompanhado de perto por curadores de diversos festivais europeus e até norte-americanos, o Fitei tornou-se a porta de entrada para outros países da Europa para muitos grupos do Brasil, ali "descobertos". Na edição de aniversário dos 25 anos do Fitei, que ocorrerá entre os dias 29 de maio a 10 de junho, chama a atenção a presença de duas companhias brasileiras pouco conhecidas no eixo Rio-São Paulo - a Cia. Teatral Martin Cererê, de Goiás, e o grupo Tudo Era uma Vez, de Mato Grosso. Na acurada prospecção está um dos méritos do festival. O Grupo Tapa, por exemplo, foi ao Fitei em 1983 com Viúva, porém Honesta, um de seus primeiros trabalhos. "Não freqüentamos outros festivais em busca de espetáculos. Preferimos confiar na recomendação de artistas e amigos de cada local, pois nosso interesse está mais na expressão autêntica de uma cultura do que numa estética apropriada para festivais", argumenta Antonio Reis, diretor do Fitei. O sexo é o tema de Escuta, Zé, um dos espetáculos que a Cia. Martim Cererê, dirigida por Marcos Fayad leva à 25.ª edição do Fitei. "Uma peça para dez atores, solistas de uma orgia de linguagens, palavras, símbolos, imagens e música", diz Fayad. De Freud e Reich à publicidade - o grupo realizou uma rigorosa pesquisa para depois deixar fluir, no palco, em linguagem lúdica o tema que é fonte de conflitos até para aqueles que chamamos "zé-ninguém". Da Roça ao Rodeio, de Rosa Nepomuceno, e A Moda É Viola, Ensaio do Cantor Caipira, de Romildo Santana, foram os dois livros que inspiraram o musical Puro Brasileiro, o outro espetáculo que Fayad vai apresentar no Fitei. Um grande livro, de Guimarães Rosa -, inspira a companhia de Mato Grosso que mostra no Fitei Riobaldodiadorim, Encontros no Sertão. Além deles, vão a Portugual este ano a Cia. do Latão, com Auto dos Bons Tratos, o espetáculo O Fingidor, de Samir Yasbeck, e a montagem de Os Lusíadas, produzida por Ruth Escobar.

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