Festival exibe longa concorrente de Gramado

'Éden' é destaque no evento que faz hoje sua premiação; mostra nunca foi tão política, na avaliação de curador

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Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Três dos oito filmes que integram a competição brasileira no Festival de Gramado, em agosto, já foram exibidos no Festival do Rio, no ano passado - Éden, de Bruno Safadi; Primeiro Dia de Um Ano Qualquer, de Domingos Oliveira; e A Coleção Invisível, de Bernard Attal. Pode ser que, dos cinco restantes - todos inéditos -, surja alguma grande surpresa, mas terá de ser muito boa. Por melhor que seja o filme de Domingos, e Primeiro Dia é bom, o que mais se credencia aos troféus Kikitos, entre os já conhecidos, é Éden, que já deu a Leandra Leal o Redentor de melhor atriz.Ela faz grávida cujo marido foi assassinado e o filme constrói-se por meio de dois blocos de flash-backs. Num deles acompanhamos o encontro de Karine (a personagem) com o marido. No outro, a dor da perda. Karine reage como um bicho ferido, mas, na maior parte do tempo, ao contrário do Éden (paraíso) do título, ela vive ora no inferno ora no purgatório, manipulada por um pastor evangélico que a toma sob sua proteção, mas que, na verdade, quer utilizá-la para promover sua Igreja. Mais do que um filme sobre a religião, e a força dos evangélicos, Safadi filma uma personagem em busca de superação. Éden é uma das atrações de hoje do Festival Latino-americano, e você poderá antecipar-se ao júri de Gramado em sua avaliação. O longa passa às 7 da noite no Cinusp Paulo Emílio. Às 9 - 21 horas -, no Memorial, ocorre a cerimônia de encerramento. Embora o festival não seja competitivo, outorga três prêmios - o do público, o destinado a produções de escolas de cinema e o terceiro, atribuído pelo Itamaraty. Logo após a premiação, ocorrerá a primeira exibição de New Gaza, de Rita Martins Tragtenberg. As duas projeções - na Cinusp e no Memorial - estarão rolando, e na Cinemateca, às 19 e às 21 horas, haverá sessões de dois clássicos definidores da identidade brasileira no cinema - Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, e Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. Para um dos curadores, Francisco César Filho, nunca, como este ano, o Festival Latino foi tão pautado pela discussão política. Um pouco pelo resgate dos clássicos dos anos 1960, mas também pelos debates com o homenageado José Carlos Avellar e integrantes de coletivos de audiovisual, a política deu o tom do evento, refletindo o que tem andado pelas ruas, com as manifestações que ocorrem no País desde o mês passado.

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