Festival de Curtas exibe raridades e novos talentos

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Por AE
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Que um dos grandes diferenciais do 23.º Festival Internacional de Curtas de São Paulo é oportunidade de se ver o que de mais novo os jovens talentos têm produzido já é sabido. Mas que também é chance de se conferir raridades do cinema, talvez muitos não saibam. Este ano o evento conta com presença do colecionador francês Serge Bromberg, que traz ao festival amostra de seu acervo de 40 mil rolos, que ele garimpa em todo o mundo.Serge é apaixonado por filmes antigos e já chegou a encontrar nove rolos esquecidos de George Méliès. Como para ele não basta só mostrar filmes, Serge faz questão de tocar para a plateia da Cinemateca, nesta terça-feira, às 21 horas, musicando os filmes mudos. É uma seleção eclética que compõe a sessão Retour de Flamme (Renascido das Cinzas), com tesouros do início do século 20. Desses, dois são surpresa.Surpresa boa são curtas que compõem as mostras competitivas. Na Mostra Brasil 7, o mineiro "Não Há Cadeiras" (às 15 h, no Cine Olido), de Pedro Di Lorenzo, é raro exemplo de ficção cientifica nacional. Em um mundo distópico e pós-apocalíptico, a população de uma cidade sofre com a falta de cadeiras de rodas, enquanto os mais abastados zombam da má sorte dos ''sem cadeira''. Tudo parece perdido até que um gesto muito simples muda o curso da história. Perturbador e incomodante.Outro que perturba e surpreende é o também mineiro "Arrotos e Soluços" (terça, 19 h, no Cine Olido), de Renato Cabral. Em uma casa de classe média, a mãe destrincha uma galinha na cozinha, enquanto o pai assiste à TV e a filha grávida dá vazão aos hormônios no banheiro. Quem superar o asco inicial que a história provoca não vai se arrepender. Montagem ágil e roteiro improvável fazem do curta um dos mais originais da nova safra. Como bem diz a sinopse, é a certeza de que a fome cria monstros.Ainda na seara dos filmes nada convencionais, a sessão Comodoro presta nesta quarta, às 22 h, no Cinesesc, homenagem ao cineasta Carlos Reichenbach. Carlão, que morreu há pouco, era defensor incondicional do cinema fora do eixo, dos filmes que, ainda que imperfeitos, não deixavam a plateia indiferente. Em 2004, criou a Sessão Comodoro, que criava em São Paulo um espaço para a experimentação cinéfila, para a exploração do cinema experimental em vertentes inesperadas. "De todas as lições aprendidas, a que considero a mais preciosa deixada por Reichenbach é a da prospecção cinéfila sem preconceitos. E é isso que agora tento reproduzir nesta sessão especial: apresentar ao público obras inovadoras e pouco convencionais", comentou o curador da seção, Leopoldo Tauffenbach. Na programação da Comodoro estão "Sangue Corsário", "Olhar e Sensação", ambos do próprio Reichenbach, "Freddy Breck Ballet", de Gurcius Gewdner, "Primitivismo Kanibaru na Lama da Tecnologia Catódica", de Petter Baiestorf, "Hi-Fi", de Ivan Cardoso, "O Guru e os Guris", de Jairo Ferreira, e "Aventura, Amor e Transporte Público", de Bruno de André.Já no Panorama Paulista 5, destaque para "Aluga-se", de Marcela Lordy (terça, às 21 h no MIS). O curta retrata a verticalização desenfreada de São Paulo, que vive um processo degradante de especulação imobiliária. Outro que, ainda que indiretamente, documenta as rápidas transformações sofridas pela Pauliceia é "Jaçanã e o Adoniran" (Panorama Paulista 5, às 21 h, no MIS). Ao traçar um retrato do local que Adoniran Barbosa tornou célebre, conta também a história de um bairro que perdeu o lendário Trem das Onze para os carros que hoje ocupam as ruas outrora percorridas pelo compositor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. FESTIVAL DE CURTASSalas de exibição: Cinemateca, Cinesesc, MIS, Espaço Itaú Augusta, Cine Olido, Cinusp.Programação: www.kinoforum.org

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