Festival de Curitiba prepara 10.ª edição

Ópera do Arame vai sediar a noite de abertura da 10.ª edição do evento com Fantasmas, da Cia. Circo Mínimo de rodrigo Matheus, que criou o espetáculo com 15 atores e muita acrobacia especialmente para o local

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Por Agencia Estado
Atualização:

A abertura do 10.º Festival de Teatro de Curitiba acontece, mais uma vez, no Ópera de Arame, um teatro que já virou cartão postal da cidade por sua arquitetura singular. Construído numa estrutura vazada de vidro e metal, ao lado de uma pedreira, o Ópera é muito bonito, mas também de difícil utilização. Espetáculos mais intimistas não funcionam no espaço amplo, que provoca dispersão visual e tem uma acústica imperfeita. Para manter ali a tradicional noite de abertura, a organização do festival convidou o diretor da Cia. Circo Mínimo, Rodrigo Matheus, que criou um espetáculo especialmente para o Ópera. Com 15 atores e muita acrobacia, Fantasmas abre oficialmente o evento, no dia 22. A grade com a programação oficial só vai ser confirmada no fim da semana, mas a expectativa dos organizadores é por reunir mais de 120 espetáculos, entre Mostra Oficial e Fringe (a mostra paralela), no palco ou na rua, durante os 11 dias de evento. Isso sem falar nas performances, palestras, oficinas e lançamentos de livros. Do orçamento de R$1,5 milhão, a organização conseguiu captar 70% junto à iniciativa privada, segundo Vitor Aranis, um dos diretores da Calvin Entrentenimento, empresa produtora do evento. Nesta edição, nada muda radicalmente na linha curatorial. "Seguimos investindo em estréias ou, pelo menos, em espetáculos ainda pouco vistos." É o caso, por exemplo, de Um Trem Chamado Desejo, do grupo mineiro Galpão, que estreou no fim do ano em Belo Horizonte e ainda não rodou pelo Brasil. Com texto de Luís Alberto de Abreu e direção de Chico Pelúcio, a peça conta, com muito humor, a história de uma trupe de teatro às voltas com o sumiço do público e a concorrência do cinema. Sem dúvida, um dos melhores espetáculos do repertório da companhia. Entre as estréias, Copenhagen chega ao festival cercada de ótimas expectativas. O texto do inglês Michael Frayn recebeu várias premiações internacionais. Além disso, a montagem brasileira envolve gente de talento. Dirigida por Marco Antônio Rodrigues, com Carlos Palma, Oswaldo Mendes e Selma Luchesi no elenco, a montagem terá duas apresentações em Curitiba, nos dias 23 e 24, antes de iniciar temporada no Sesc Anchieta, em São Paulo. Em Copenhagen, o autor criou uma ficção em torno de um misterioso encontro real - ocorrido em 1941 - entre os físicos Werner Heinsenberg e Niels Bohr, cujas descobertas em física quântica foram fundamentais para a construção da bomba atômica. A edição deste ano do festival, além dos espaços tradicionais, vai ocupar o Centro Histórico da Cidade, transformando o Largo da Ordem na Rua do Festival, espaço aberto para performances e apresentações ao ar livre. Com certeza, é o local ideal para Arq- Móvel - Estamos em Trânsito, espetáculo dirigido por Andréa Jabor cujo cenário é um automóvel. Entrando pelo porta-malas e saindo pela porta da frente já com outro figurino, os atores revezam-se na criação de tipos como o flanelinha, o vendedor ambulante ou o infeliz cidadão preso no engarrafamento, entre outras figuras comuns no dia-a-dia da cidade de São Paulo, onde o espetáculo foi criado. Depois de uma ótima concepção de Barrela e de ter sido premiado por sua direção de Pobre Super-Homem, Sérgio Ferrara volta ao universo de Plínio Marcos no espetáculo Abajur Lilás, que tambem estréia em março no festival. Menos violento e mais bem-humorado, Antonio Abujamra, que já fez participações memoráveis no evento, por exemplo com a montagem de O Casamento, de Nélson Rodrigues, estará novamente em Curitiba. Desta vez, apresentando O Provocador@, segundo ele "uma comédia moderna contra os PHDs da mediocridade." O Fringe, a mostra paralela, deve bater o recorde de espetáculos nesse ano. Foram 300 projetos inscritos, dos quais cerca de 100 selecionados. Nesses casos, a organização do festival oferece espaço, apoio técnico e divulgação. Os grupos ficam com 80% ou 90% da bilheteria. Dessa vez, Vitor promete eliminar problemas como vazamento de som e falta de infra-estrutura, decorrentes do excesso de espetáculos programados em poucos espaços no Fringe do ano passado.

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