12 de novembro de 2012 | 10h49
Renata Afonso queria saber a opinião de Gullar sobre a chamada poesia da periferia. Se, para ele, faz sentido pensar na diferença entre poesia de periferia e de centro. "Não existe poesia de periferia nem de centro, existe poesia boa ou má, seja feita onde for", respondeu o poeta. "É claro que, se surge em uma comunidade X, terá características dessa comunidade, mas o que importa é se é boa ou não. Senão, vamos ser benevolentes com o favelado que faz uma péssima poesia. Não importa se foi feita por branco, índio, preto, azul ou favelado."
Para Gullar, "o cara nasce poeta" e "não importa o lugar onde nasceu". "O Noel Rosa dizia que samba não se aprende no colégio. O cara nasce cozinheiro. Nasce ladrão também. O cara nasce rico e rouba, só pode ser vocação. Roubar por necessidade é outra coisa. Poeta e ladrão, ou o cara nasce ou não consegue ser."
Quando o jornalista Miguel Conde, mediador do debate, perguntou se a política ainda é importante na vida de Gullar, ele falou da mudança de sua visão ideológica. Se disse doutor em subversão e contou que, no passado, virou comunista lendo um livro de um padre anticomunista. Hoje, afirma que o capitalismo "é invencível".
Gullar disse que sua vida é resultado do improviso, que nunca planejou nada. Ele contou que não escreve poesia desde 2009. "É possível que eu não escreva mais. Sem o espanto, o que eu escrever não presta. Eu já me espantei demais, e talvez não me espante nunca mais."
No dia anterior, o processo criativo e o início da vida literária foram os temas da conversa entre os escritores João Ubaldo Ribeiro e Ana Maria Machado na Flupp. "Esse contato da identidade dentro da diversidade é algo que a literatura permite de uma maneira muito rica e intensa", disse Ana Maria. Ao falar sobre a universalidade de seus temas e personagens, João Ubaldo disse buscar inspiração em sua cidade natal, a ilha baiana de Itaparica, com a qual tem uma ligação muito forte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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