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Festa da APCA vira palco de protestos

Por Agencia Estado
Atualização:

A entrega do prêmio Melhores de 2001, da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), que ocorreu na noite da terça 26 de março, no Teatro Municipal de São Paulo, foi palco de protestos, reclamações e pelo menos um deboche. O grande vencedor da noite, o filme Bicho de Sete Cabeças, tomou conta da festa. Dirigido por Laís Bodansky e estrelado por Rodrigo Santoro, a produção ganhou, além dos prêmios de filme, direção e ator, o de melhor roteiro, escrito por Luiz Bolognesi, que usou seu discurso de agradecimento para lançar um alerta. Ele revelou que Austregésilo Carrano Bueno (curitibano que escreveu Canto dos Malditos, obra na qual foi baseada o longa-metragem) está sendo processado pelo manicômio, que pede R$ 60 mil por supostos danos ocorridos em razão dos fatos que se tornaram públicos com a publicação do livro e exibição do filme. "No Brasil, no apagar das luzes, muito acontece: o filme vai embora, mas as coisas não podem acabar assim!", declarou. Ele convocou uma mobilização para que o autor não seja condenado. José Tolentino de Araújo, diretor da peça Major Barbara (vencedora na categoria espetáculo), protestou contra os jornais paulistas, que julga deficientes na área de roteiros culturais. Segundo ele, na comparação com jornais americanos ou mesmo cariocas, os diários de São Paulo saem perdendo. "Não tem roteiro completo nos jornais paulistas", disse. "Este é um manifesto contra o pouco espaço que as artes recebem em São Paulo". Fernanda Young, vencedora pelo roteiro do programa Os Normais, exibido pela TV Globo, subiu ao palco descalça, elogiou Fernanda Torres ("Ela entendeu totalmente a Vani") e pediu mais prêmios. "Sou escritora, tenho cinco livros publicados e mereço ganhar de vez em quando na categoria literatura também." Popular - "Na Rádio Cultura, a gente não se curva diante do deus mercado: apenas à arte", orgulhou-se em seu discurso a radialista Marilu Cabañas, que levou o troféu de Rádio na categoria Variedades, por reportagens veiculadas na Cultura AM. Já o ator Tony Ramos, ganhador do prêmio de melhor ator por sua participação na novela As Filhas da Mãe, preferiu declarar seu apego pelo gosto da maioria. "Sou popular sim! E gosto de ser popular!", disse. No mesmo tom foi o discurso do cantor Supla, que levou o prêmio de revelação do ano na televisão, por sua participação em Casa dos Artistas, do SBT. Ele arrancou risadas da platéia com o deboche: "Só tem programa ruim, mas eu adoro televisão."

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