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Ferreira Gullar reflete vanguarda poética

Por Agencia Estado
Atualização:

O maranhense José Ribamar Ferreira, mais conhecido como Ferreira Gullar, aos 69 anos, é um dos principais poetas e ensaístas brasileiros. Sua atuação não se limita à literatura - além de poeta, Gullar é crítico de arte. Viveu ainda uma fase de intenso engajamento político, que abandonou depois do fim do regime militar. Seu nome ficou associado tanto ao movimento concretista, do qual se afastou com rapidez, quanto às esquerdas socialistas, nas quais militou durante a ditadura. Ainda jovem, elaborou a teoria que acabou sendo base do neoconcreto, cujo manifesto redigiu e cujas idéia fundamentais expressou em um ensaio famoso: Teoria do Não-Objeto ou o Manifesto Neoconcreto, que representou para as artes plásticas brasileiras um momento tão importante quanto foi o cubismo para os europeus. Ao lado de artistas como Hélio Oiticica e Lygia Clark, além do crítico Mário Pedrosa, Gullar provocou uma reflexão crítica sobre a vocação construtiva da arte brasileira e ajudou a divulgar o trabalho de artistas concretos. Como crítico, formulou teorias polêmicas e mostrou simpatia a causas de caráter popular. Seu primeiro livro, Um Pouco Acima do Chão, foi publicada em 1949. Em 1963, foi eleito presidente do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE). No ano seguinte, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro e participou da fundação do Grupo Opinião. Em 1966, escreveu a premiada e perseguida peça Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come, em parceria com Oduvaldo Viana Filho. Em 1969, lançou o ensaio Vanguarda e Subdesenvolvimento, referência obrigatória para a compreensão da época. No ano seguinte, exaurido pelas perseguições políticas entrou para a clandestinidade. Exilou-se primeiro em Moscou, depois em Santiago do Chile, Lima e finalmente Buenos Aires. Em 1976, sem a presença de Gullar, o Poema Sujo, seu livro mais célebre, foi lançado no Rio. De volta ao Brasil, em 1977, foi preso e interrogado. Acabou voltando a escrever e publicar. Em 1993, lançou o ensaio "Argumentação contra a Morte da Arte", em que discute o fim das vanguardas. O livro causou grande polêmica. Voltou a publicar no ano passado, desta vez um livro de poemas, "Muitas Vozes", em que pratica uma poesia sóbria, bastante análoga à de sua primeira fase. A ressalvar, no entanto, o interesse agora por uma comunicação mais imediata com o leitor. Com o livro, foi premiado com o Prêmio Jabuti.

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